O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A tese de que os partidos de esquerda precisam estar na mesma chapa desde o primeiro turno para enfrentar o prefeito Sebastião Melo (MDB) nas eleições municipais de 2024 ganhou um reforço de peso nesta segunda-feira (24). Aposentado das urnas, o ex-governador Tarso Genro (PT) chamou o vereador Pedro Ruas (PSOL) para um café no escritório político do petista, localizado na região central da Capital.
Do encontro informal, ambos saíram com a impressão de que a união é possível e assumiram o compromisso de aprofundar as conversas em seus partidos.
Ruas é um dos principais nomes cogitados para compor uma eventual chapa majoritária da esquerda em Porto Alegre. Apesar disso, tanto o vereador quando Tarso evitam falar em nomes.
— Já tenho feito conversas com os companheiros de partido (PT) e do PCdoB. Não podemos ainda falar em candidatos. É preciso ver quem tem a maior possibilidade de abrangência. Se começarmos por nomes, começamos errado — avalia Tarso.
Além da unidade entre PT e PSOL, reeditando a composição que reuniu Edegar Pretto e Ruas na disputa ao Piratini em 2022, o ex-governador petista acredita na possibilidade de trazer para a conversa outras legendas identificadas historicamente com o campo da centro-esquerda, como o PDT.
Na esfera estadual, os trabalhistas integram o governo de Eduardo Leite (PSDB). Em Porto Alegre, o PDT se divide entre duas tendências: lançar candidato próprio à prefeitura ou embarcar numa aliança de esquerda. No primeiro caso, os nomes mais prováveis são os dos ex-deputados Vieira da Cunha e Juliana Brizola.
Ruas aposta que as definições na esquerda ocorrerão "em ano ímpar" — ou seja, ainda em 2023. Seria uma resolução mais rápida do que a verificada nas últimas eleições, quando a união entre PT e PSOL foi celebrada às vésperas da campanha.
— Precisamos terminar com esse núcleo bolsonarista na Capital — diz o vereador.
Articulações à parte, o certo é que a união dos partidos de esquerda em Porto Alegre ainda está longe de se concretizar. Na semana passada, com o aval do PT, a deputada federal Maria do Rosário começou a sondar aliados para medir a temperatura e testar a viabilidade de lançar-se candidata à prefeitura. A presidente municipal do PT, Maria Celeste de Souza, diz que o partido "faz questão de estar na chapa majoritária, mas não será impeditivo para construir" uma aliança de esquerda.
Já o PCdoB apresentou a ex-deputada Manuela D'Ávila como principal nome da esquerda em Porto Alegre. Manuela, no entanto, vem se dedicando à carreira de escritora e aos estudos após a disputa de 2020, quando perdeu no segundo turno para Melo.