Sem a presença do presidente Lula, cinco ministros desembarcam em Bagé na próxima quinta-feira (23) para conversar com prefeitos, líderes de entidades do campo e visitar pequenas propriedades atingidas pela estiagem na região de Hulha Negra, uma das mais afetadas. A agenda foi definida nesta sexta-feira (17), em despacho do ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, com Lula, no Palácio da Alvorada.
As medidas que os ministros vão anunciar em favor de pequenos produtores serão amarradas na quarta-feira (22), véspera da viagem, em nova reunião das esquipes envolvidas. Além de Pimenta, virão ao Rio Grande do Sul os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
A intenção é se reunir com a direção da Famurs e com prefeitos dos municípios em situação de emergência, com dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e Federação dos trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entre outros que vierem a se credenciar. Não há previsão de encontro com a direção da Farsul, que representa o agronegócio.
— Não há, até porque eles não pediram — explica Pimenta.
O agronegócio gaúcho foi para a eleição do ano passado fechado com a reeleição do então presidente Jair Bolsonaro. Na campanha, a relação da Farsul com Lula azedou de vez. Os agropecuaristas não perdoaram quando, na entrevista ao Jornal Nacional, disse que parte do agronegócio era “fascista e direitista”.
Na Expointer de 2022, Lula virou assunto nas rodas de conversa de produtores, principalmente onde estivesse o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, anfitrião de Bolsonaro pelo segundo ano consecutivo e entusiasta da reeleição.
Entre as medidas preliminares em estudo pelo grupo de ministros encarregados de tratar da estiagem estão o fornecimento de água em carros-pipa pela Defesa Civil para 300 municípios, duas vezes por dia, a entrega de cestas básicas para famílias necessitadas e crédito emergencial subsidiado para agricultores familiares. Cálculos extraoficiais indicam que na primeira leva o socorro será de R$ 50 milhões.
Considerando-se a rejeição dos grandes produtores do Rio Grande do Sul a Lula e a preocupação com a segurança, seria difícil organizar uma viagem presidencial, com precursoria e levantamento de riscos, em pleno Carnaval.
Aliás
Em Bagé, onde em 2018 fazendeiros correram a relho os simpatizantes de Lula, o presidente fez 35.303 votos (53,69%) no segundo turno de 2022 e Jair Bolsonaro (PL), apoiado pelo prefeito Divaldo Lara (PTB), teve 30.449 votos (46,31%).
Nivelando por cima
Em 2022, a Lei de Diretrizes Orçamentárias previa 5% de revisão nos salários dos servidores federais. O então presidente Jair Bolsonaro optou por não conceder nem esse índice e deixou os servidores civis a ver navios por quatro anos - só os militares foram contemplados com reajustes.
O presidente Lula ofereceu 8%, mais um aumento de R$ 200 no vale-alimentação. Essa oferta deve servir como parâmetro para as demandas nos Estados, embora as situações sejam diferentes. O Rio Grande do Sul deu 6% em 2022, depois de sete anos de congelamento.
Entre o ruim e o pior
O questionamento diante da derrubada do sigilo da carteirinha de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro não é se viola a intimidade, mas por que ele impôs cem anos de segredo.
Sendo Bolsonaro pessoa pública, interessa aos brasileiros saber se tomou a vacina contra a covid-19. Ele diz que não, mas ao adotar o sigilo deixou aliados e adversários em dúvida.
Se a quebra mostrar que Bolsonaro se vacinou e escondeu, fica configurada a mentira. Se confirmar que impôs sigilo por birra e de fato não se imunizou, prova apenas que foi irresponsável.