O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Revoltados com a nota emitida pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), que prega intervenção das Forças Armadas para a destituição de membros do Judiciário e a suspensão da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), engenheiros gaúchos lançaram um abaixo-assinado online para contestar o teor do documento.
No texto, o grupo denominado Engenheiros e Engenheiras pela Democracia RS afirma que "este setor que hoje ocupa a direção da Sergs não fala em nome da categoria profissional da engenharia".
"Em exercício dos nossos plenos direitos democráticos, engenheiros e engenheiras abaixo-assinados vêm a público repudiar a violência política e, por isso, consideramos absurda qualquer declaração em favor de intervenção militar, destituição de um Poder como o Judiciário ou impedir a alternância de poder no Executivo. Qualquer tentativa de promover a desestabilização política de nosso país em manifestações antidemocráticas deve ser repreendida", diz o abaixo-assinado.
Até as 13h30min desta sexta-feira (2), haviam sido registradas 566 assinaturas, sendo 326 de engenheiros de Porto Alegre, 156 de outras cidades do Rio Grande do Sul, 57 de outros Estados e 27 de profissionais de outras áreas, que apoiam o movimento.
A nota emitida pelo conselho deliberativo da Sergs foi produzida pelo presidente do órgão, Luis Roberto Ponte, e foi aprovada pelo colegiado. O texto sugere que o país está "sob um golpe perpetrado por membros do Poder Judiciário convertido em poder supremo de uma ditadura travestida de democracia" e solicita a "destituição constitucional dos golpistas mediante iniciativa do Poder Executivo e suas Forças Armadas, o único poder que atualmente remanesce com capacidade de desbaratar o golpe perpetrado, e a quem a Constituição delegou o dever de garantir a lei e a ordem".
O teor do documento provocou ampla discussão na entidade. O presidente da Sergs, Walter Lídio Nunes, aparecia como signatário na primeira versão, mas depois seu nome foi retirado e ele informou que não concorda com a manifestação.
"Minha posição e da diretoria é totalmente contraria a nota da qual não sou signatário pois sempre acreditei que para se construir uma solução convergente para o Brasil é pela democracia e pelo dialogo sem o intervencionismo das forças armadas como o caminho de viabiliza-las", informou Nunes.