Estar na equipe de transição não significa que aquela pessoa será titular de um ministério, mas é um sinal. Os primeiros nomes anunciados pelo futuro vice Geraldo Alckmin (PSB), com o aval do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), naturalmente, têm, em sua maioria, perfil moderado. Essas escolhas sugerem que, assim como fez no seu primeiro governo, Lula não fará aventuras e montará uma equipe representativa do Brasil plural que o elegeu.
A presença da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como coordenadora da área social é um desses sinais. Simone concorreu pelo MDB, mas não é uma indicação da ala do partido que esteve com Lula desde o primeiro turno. Entrou na campanha no segundo, sempre deixando claro que tinha divergências com o candidato a presidente, dizendo que trabalharia para derrotar o bolsonarismo e assim o fez.
Simone integrou-se à campanha, viajou, deu ideias. Nada mais natural do que ser convidada a contribuir com o governo, dado que apresentou boas propostas no primeiro turno e só não fez mais votos porque foi tragada pela polarização.
Advogada e professora universitária, a senadora cabe em diferentes ministérios — da Agricultura à Educação —, mas a área social lhe cai bem. Na educação, o coordenador também é um moderado, o gaúcho Henrique Paim, que trabalhou com Tarso Genro (PT) e depois virou ministro. Professor da Fundação Getulio Vargas, tem perfil de gestor e conhecimento para identificar os gargalos que vão muito além dos cortes orçamentários no MEC.
Na área econômica, a indicação de dois dos pais do Plano Real — Persio Arida e André Lara Resende — funciona como um ansiolítico para o mercado. Depois do solavanco decorrente da preocupação com o a possível indicação de Fernando Haddad para a Fazenda, a bolsa subiu, enquanto dólar e o euro caíram.
A indicação para a equipe de transição tem efeito transitório. No mercado, pesarão mais as medidas que o governo sinalizar na área fiscal e as declarações do presidente eleito deste período de incertezas, mas os primeiros sinais são tranquilizadores.
ALIÁS
Integrante da equipe de transição, o professor Eliezer Pacheco está alarmado com os cortes no orçamento da Educação. O orçamento para a educação profissional e tecnológica na rede federal em 2023 é de R$ 2,26 bilhões. Em 2015, tinha sido de R$ 2,809 bilhões. Nesse guarda-chuva estão 1,5 milhão de alunos e todos os institutos federais.