Em sua primeira entrevista coletiva desde a condenação no caso do Mensalão, em 2013, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, evitou reconhecer de forma definitiva o resultado da eleição presidencial que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 30 de outubro. Costa Neto chamou os jornalistas, em Brasília, para comunicar que o PL será oposição ao futuro governo, mas deu sinais dúbios em relação ao veredito das urnas.
Em um dos questionamentos, Costa Neto chegou a dizer que o PL do presidente Jair Bolsonaro votaria a favor da manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023, mesmo "perdendo" as eleições. Em outro momento, o chefão do PL se referiu a Lula como "futuro presidente".
Ao final da coletiva de imprensa, no entanto, Costa Neto disse que o reconhecimento do resultado eleitoral depende do relatório sobre as urnas que deverá ser apresentado pelo Exército nesta quarta-feira (9).
— Vamos ter que esperar o relatório do Exército amanhã (quarta-feira). Nós temos diversos questionamento que fizemos no TSE, vamos esperar essas respostas. Depende do que (o Ministério da Defesa) apresentar. Eles vão trazer alguma coisa porque, se não (tivesse nada), já teriam apresentado.
Costa Neto afirmou que Bolsonaro só questionará o resultado "se tiver algo real na mão, se não tiver, ele não vai fazer isso, ele já deixou claro isso aí".
— O Bolsonaro é o nosso capitão, nós vamos segui-lo no que for preciso — declarou o aliado, sob aplausos de uma platéia formada majoritariamente por bolsonaristas.
PL quer presidência do Senado
Pelos próximos quatro anos, o PL de Bolsonaro terá as maiores bancadas da Câmara, com 99 deputados federais, e do Senado, com 13 parlamentares.
Nesta terça-feira (8), Costa Neto escancarou os planos do partido: quer o apoio do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, para conquistar a presidência do Senado. Em contrapartida, os deputados do PL dariam suporte à recondução de Lira por mais dois anos na Câmara.
— Esperamos que o PP nos ajude. Nós temos um pessoal muito qualificado que foi eleito pelo PL. Só podemos disputar a eleição se tivermos chance de ganhar. Se não tivermos chance de ganhar, nós vamos atrapalhar o Arthur na Câmara. O Arthur tem que pensar bastante. Nós queremos o Arthur, não tenha dúvida disso, mas eles têm que fazer o trabalho para nos ajudar a viabilizar o nosso plano, que é o Senado.
Para eleger o presidente do Senado, Costa Neto espera contar com o apoio do Republicanos e do Podemos. O principal adversário deverá ser o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD), que concorrerá novamente ao cargo.
Nesta quarta-feira, Lula irá se reunir com Lira. O principal assunto é a PEC de Transição para permitir a ampliação de gastos no próximo governo.
Bolsonaro será candidato em 2026
Pelos próximos quatro anos, Costa Neto quer que Bolsonaro viaje pelo país e ajude a fortalecer o partido. A ideia é concorrer novamente à presidência em 2026. A disputa à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024 está descartada.
Manifestações
Questionado mais de uma vez sobre as manifestações antidemocráticas pró-Bolsonaro que pedem intervenção federal e intervenção militar em frente a quartéis, Costa Neto limitou-se a dizer que a legenda é contrária a bloqueios em estradas.
— Os protestos que estão acontecendo, todos dentro da lei, têm o nosso apoio, todos têm o direito de protestar. O que o presidente deixou claro é que nós não podemos fazer um movimento que traga prejuízo para o país, para as pessoas, que proíbam o ir e vir. Os que estão fazendo o movimento dentro da lei sem atrapalhar ninguém têm o nosso apoio, sempre terão.