Uma das primeiras comunicações oficiais feitas pelo coordenador da transição, vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, na tarde desta terça-feira (8), foi a composição do grupo técnico da economia: André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e - o nome mais aguardado - Pérsio Arida.
Não é pouca coisa. Como a coluna já relatou, Lara Resende e Arida foram os autores da primeira formulação que resultou no Plano Real - chamada na época de Plano Larida -, muito combatido pelo PT. O fato de terem aceito participar da transição, o que era especulado desde domingo - sem confirmação oficial - mostra quanto o futuro governo de fato se abriu a visões distintas das internas.
— Não são visões opostas, são complementares. É importante, em um grupo técnico, ter visões que se completam, se somam, para elaborar propostas e definir questões. O mais mais urgente é a questão social — afirmou Alckmin ao responder pergunta sobre supostas "visões opostas" dos dois pais do Real e dos economistas do PT.
Nelson Barbosa foi ministro da Fazenda no final do mandato de Dilma Rousseff. Assumiu o cargo depois da saída de Joaquim Levy, pressionado pelo PT e pelas "pautas-bomba" do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. É considerado um petista com foco em responsabilidade fiscal. Guilherme Mello é formado pela Unicamp e muito próximo de Mercadante, mais ligado ao chamado "desenvolvimentismo", mas com uma visão mais contemporânea.
E é incrível, mas foi o que a coluna viu: a bolsa vinha subindo 0,8% até o anúncio, avançou para quase 1%, para 116,5 mil pontos, com o quarteto, mas passou a desacelerar fortemente (para 115,5 mil pontos) depois que Alckmin, ao responder uma pergunta, confirmou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega vai atuar na transição. O vice-presidente eleito chegou a dizer que pode integrar "algum dos outros grupos temáticos", mas não evitou a reação. Até o fim desse texto, por volta de 16h45min, já havia voltado a avançar em ritmo de 0,5%.
Alckmin voltou a insistir que o fato de integrar a equipe de transição não dá aos indicados alguma garantia que que estarão no ministério do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, é o que tem ocorrido nas mais recentes trocas de governo.
Atualização: a bolsa chegou com alta discreta, de 0,71%, a 116.160 pontos. O dólar encerrou o dia em R$ 5,144, resultado de leve alta de 0,56%.