Depois de uma semana surfando na confiança de que o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva não representará ruptura, o que levou a bolsa a alta acumulada de 3,16% e o dólar a baixa de 4,56%, o mercado mudou de rumo.
Nesta segunda-feira (7), sem definições e com muita especulação sobre quem vai compor a equipe econômica do presidente eleito, a bolsa caiu 2,38% e o dólar voltou a subir 2,19%, mas o valor segue abaixo (R$ 5,173) do registrado na sexta-feira anterior ao pleito (R$ 5,30).
Entre analistas, a justificativa "oficial" é a de "falta de definições" na equipe econômica, passada uma semana da vitória de Lula nas urnas. Em conversas de bastidores, porém, correu no mercado a especulação de que o candidato a governador derrotado em São Paulo Fernando Haddad, seria o favorito para o Ministério da Fazenda. O perfil não é exatamente o descrito por interlocutores de Lula - um político com grande capacidade de negociação com o Congresso -, mas dada a falta de identificação, causou reações extremadas.
Além disso, o favorito do mercado para o cargo, Henrique Meirelles, afirmou não ser "candidato a ministro" e está "satisfeito e gratificado na atividade privada". Claro, deixou a porta aberta, ao dizer que segue "preparado para o serviço público", mas não perde "tempo com hipóteses". Foi o caso em que um mais um resultou em -2,38%.
Até as ações do chamado "kit Lula", formado por ações de grupos de ensino superior, viagens e varejo, experimentaram um dia de forte queda. Entre os grupos de ensino, Yducs despencou 10,64%, e Cogna, 8,72%. Entre os varejistas, Lojas Renner recuou 3,12%, seguida por tombos de Magalu (6%) e Americanas (9%). As companhias de viagem também perderam: CVC, 7,33%, Gol, 6,03% e Azul, 5,58%.
Até por efeito da polêmica que cerca a mais recente distribuição de dividendos da estatal, as ações da Petrobras voltaram a se desvalorizar mais 4,06% (preferenciais), assim como as do Banco do Brasil (3,49%).