Se no primeiro turno a disputa presidencial mexeu pouco com os humores do mercado, a reta final da eleição tornou o ambiente mais volátil.
A semana começou com fortes queda na bolsa e alta do dólar, teve um intervalo de reação na quinta-feira (27) e terminou com cautela após um surto de otimismo frustrado com a Carta ao Brasil de Amanhã. Bolsa (-0,09%) e dólar (-0,12%) encerraram a sexta-feira (28) com sinal negativo, mas praticamente estáveis.
Em 2018, surgiu a expressão "kit eleitoral", que representava ações de estatais negociadas em bolsa - basicamente, Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. Neste ano, a Eletrobras foi privatizada mas, mesmo assim, acabou sentindo respingos dos movimentos de mercado ditados pelo balanço eleitoral.
Na segunda-feira (24), a percepção de que a reação violenta de Roberto Jefferson à prisão poderia representar danos a seu aliado Jair Bolsonaro (PL) provocou fortes queda na bolsa e alta no dólar. Os papéis do Banco do Brasil despencaram 10,03%, e os da Petrobras, outros 9,89%. Os da Eletrobras caíram menos, 1,98%.
Mas chamaram a atenção da coluna movimentos inversos. Analistas confirmaram: nesta última semana, surgiu um "kit alternativo", formado principalmente por grupos de ensino superior e de varejo, supostamente beneficiadas por políticas defendidas por Luiz Inácio Lula da Silva, como a ampliação do acesso a universidade e a valorização do salário mínimo.
O Yducs (dono da Estácio), por exemplo, chegou a subir 11% na quinta-feira (28). Na sexta, foi dia de a Cogna (ex-Kroton, dona da Anhanguera) avançar 5,3%. Também se valorizaram Americanas (4,08%), Magalu (3,55%) e Renner (1,98%), entre outras companhias de varejo.