O que antes era uma recomendação do PT a seus filiados para que não votassem em Onyx Lorenzoni (PL) no dia 30 evoluiu para um pedido explícito de voto no ex-governador Eduardo Leite (PSDB). O "apoio crítico" do candidato Edegar Pretto, que por pouco não tirou Leite do segundo turno, veio depois de a pesquisa Ipec ter mostrado que a maior parte dos 1,7 milhão de eleitores do petista já fez sua opção pelo tucano. O baixo índice de brancos e nulos indica que o eleitor não esperou por Pretto ou pelo PT e fez a aliança informal Lu-Leite.
Pretto, que assina a nota com os ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro, o senador Paulo Paim e o presidente do PT, Paulo Pimenta, disse à coluna que o pedido de voto em Leite não significa adesão ou esquecimento das críticas feitas ao seu governo:
— Seremos oposição ao vencedor da eleição, seja Leite ou seja Onyx. Estamos estendendo a mão ao Eduardo Leite para derrotar o bolsonarismo e seu representante no Estado. Queremos uma derrota parelha do fascismo.
Pretto disse também que o PT identifica em Leite uma pessoa "com quem se pode dialogar para buscar resposta aos problemas do Estado". Como os aliados de Onyx tratam o PT como um inimigo a ser eliminado, os petistas avaliaram que não bastava pedir aos seus eleitores que não votassem nele, mas que votassem em Leite, mesmo discordando de sua visão mais liberal da economia, das privatizações e das reformas.
— Sou do grupo que defende a democracia acima de tudo. Disputamos a eleição e ficamos fora do segundo turno. Agora não podemos nos omitir, votando nulo ou em branco. O petista sempre acaba optando pelo menos pior quando não participa do segundo turno — reforça Pretto.
Ao mesmo tempo em que ganha um apoio importante pelo número de votos obtidos no primeiro turno, o que Leite pode perder com a aproximação ao PT? Os votos dos bolsonaristas mais radicais. Desses, muitos já tinham desistido do tucano quando ele optou pela neutralidade. O difícil é saber quantos são.
Pela votação que tiveram no primeiro turno o presidente Jair Bolsonaro e o candidato Hamilton Mourão, deduz-se que a maioria escolheu Onyx para governador, mas mais de 400 mil votaram em Leite.
Onyx herdará boa parte dos votos dados a Luis Carlos Heinze (PP) e provavelmente a totalidade dos de Roberto Argenta (PSC). O PP anunciou apoio a Onyx, mas o deputado federal Covatti Filho e os estaduais Frederico Antunes e Silvana Covatti fecharam com Leite. Já a ala do MDB liderada pelo prefeito Sebastião Melo entrou de cabeça na campanha de Onyx e pode fazer a diferença em Porto Alegre, onde Onyx ficou em terceiro lugar.
Nesta segunda-feira (24), prefeita Helena Hermany (PP) abriu o voto em Leite e confirmou que fará campanha na rua ao lado do tucano.
— Estou muito feliz porque nós conversamos lá em Santa Cruz e a tomamos a decisão de que nós tínhamos, sim, que vir aqui e abrir o nosso voto. Nós tínhamos a Oktoberfest até ontem (domingo), por isso eu esperei um pouco. Hoje (segunda-feira) pela manhã, a nossa primeira ação foi vir aqui a Porto Alegre no comitê para declarar que Santa Cruz vai apoiar Eduardo Leite — discursou.