O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Um dia depois do encerramento da Oktoberfest em Santa Cruz do Sul, a prefeita Helena Hermany (PP) viajou para Porto Alegre nesta segunda-feira (24) e abriu o voto em Eduardo Leite (PSDB) no segundo turno. No comitê de campanha do tucano, Helena confirmou que fará campanha na rua ao lado de Leite e disse que Santa Cruz falou "mais alto" na definição do apoio.
— Estou muito feliz porque nós conversamos lá em Santa Cruz e a tomamos a decisão de que nós tínhamos, sim, que vir aqui e abrir o nosso voto. Nós tínhamos a Oktoberfest até ontem (domingo), por isso eu esperei um pouco. Hoje (segunda-feira) pela manhã, a nossa primeira ação foi vir aqui a Porto Alegre no comitê para declarar que Santa Cruz vai apoiar Eduardo Leite — discursou.
Ao anunciar o apoio, Helena amplia o grupo de prefeitos e deputados do PP que decidiu contrariar a posição oficial do partido, alinhado ao candidato Onyx Lorenzoni (PL) no segundo turno. Santa Cruz do Sul é a segunda cidade mais populosa administrada pelo PP no Rio Grande do Sul, atrás somente de Sapucaia do Sul.
Também participaram do evento e declararam apoio a Leite os prefeitos de Lajeado, Marcelo Caumo (PP), de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa (PDT), de Rio Pardo, Rogério Monteiro (MDB), de Colinas, Sandro Hermann (PP), e de Pantano Grande, Mano Paganotto (PTB).
Sobre o apoio
Quem conhece a prefeita de Santa Cruz sabe que o alinhamento com o candidato do PSDB já estava desenhado no horizonte há pelo menos duas semanas. Primeiro porque Helena considera que o ex-governador promoveu avanços significativos para a região, como a concessão da RS-287, a manutenção da UTI pediátrica e a ampliação da UTI neonatal do Hospital Santa Cruz, a criação do Centro Regional de Referência em Autismo e a regularização dos repasses para a saúde. Segundo, porque há o temor de que a mudança no comando do Piratini prejudique as parcerias em andamento entre o governo do Estado e a prefeitura.
— Eduardo sempre olhou para Santa Cruz com um olhar de desenvolvimento e também um olhar social. Sempre no espírito de fazer um governo de paz, harmonia, de soma. E eu tenho esse princípio: quando a gente soma os esforços, a gente multiplica os resultados — afirmou.
Além disso, há o sentimento de que o PP contribuiu com governo de Leite para a aprovação de reformas e privatizações na Assembleia Legislativa e que, por uma questão de lógica e de continuidade, faz mais sentido apoiá-lo no segundo turno. É o mesmo motivo alegado por outros líderes do PP que declararam apoio a Leite na semana passada, como os deputados Frederico Antunes, Silvana Covatti e Covatti Filho.
Por outro lado, Helena não se empolgava com Onyx. Pessoas próximas à prefeita contam que o candidato a governador do PL sequer telefonou para ela em busca de apoio formal no segundo turno. No domingo (23), Onyx visitaria a Oktoberfest, mas cancelou o compromisso na última hora.
Outro ponto que pesa para o distanciamento é o fato de que o ex-ministro é filiado ao PL, legenda que abriga os principais adversários do PP na política local, a família Moraes (ex-PTB). Apesar das diferenças, Helena também apoia Jair Bolsonaro na disputa pela reeleição.
Primeiro turno
No primeiro turno, mesmo tendo a Comandante Nádia como candidata oficial do PP ao Senado, Helena preferiu declarar apoio à ex-senadora e candidata do PSD, Ana Amélia Lemos. A jornalista foi a terceira mais votada em Santa Cruz do Sul, atrás de Hamilton Mourão (1º) e Olívio Dutra (2º) — cenário que reproduz o resultado geral em todo o Estado e que deu a vitória ao vice-presidente da República.
Na corrida ao Piratini, Helena fez campanha ao lado de Luis Carlos Heinze (PP) no primeiro turno, mas o aliado foi apenas o quarto mais votado no município com 3,36% dos votos válidos. Onyx ficou em primeiro, com 42,84% das preferências, e Leite em segundo, com 27,55%.