Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) abriram a última semana de campanha do segundo turno participando de debate na sede do Grupo Sinos, em Novo Hamburgo, na manhã desta segunda-feira (24). Em clima tenso, os candidatos ao governo do Estado voltaram a trocar acusações em meio à apresentação de propostas.
Foi o quinto confronto da dupla nesta etapa do pleito. A dinâmica do debate foi dividida em três blocos, com rodadas de perguntas livres entre os candidatos e questionamentos enviados por profissionais do grupo sobre temas como desenvolvimento regional, mobilidade e infraestrutura e saúde.
Os candidatos trocaram acusações já nas considerações iniciais. Primeiro a falar, Leite aproveitou para citar feitos e reformas de sua gestão, como privatizações e pagamento em dia do funcionalismo. Disse ainda que o projeto do adversário "é uma ameaça ao Estado".
Em tom irônico, Onyx rebateu afirmando que os feitos de Leite eram "obrigações de governante" e prometeu apresentar um "caminho de confiança" e "a serviço dos gaúchos".
O clima esquentou com o início da etapa de perguntas livres entre os candidatos. Leite abriu o bloco questionando Onyx a respeito das declarações do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) sobre "queimar universitários".
O tucano cobrou um posicionamento de Onyx sobre o caso e questionou se o parlamentar faria parte de um eventual governo do adversário.
— O Brasil inteiro repudia esse tipo de manifestação. Sobre essa crueldade, muitos se manifestaram e eu não ouvi nenhuma palavra sua condenando, repudiando ou ao menos lamentando as palavras desse deputado do seu partido. Por quê? — indagou Leite.
Sem responder diretamente, o candidato do PL disse que Bibo já havia se desculpado publicamente pelo episódio e acusou a campanha de Leite de produzir fake news.
— O que há na sua fala é pura crueldade. O deputado Bibo Nunes já se desculpou publicamente e reconheceu seu erro. Humildade que você jamais terá de reconhecer o erro de ter trancado milhares de gaúchos em casa e destruído nossa economia — devolveu, em referência a medidas tomadas em meio à pandemia.
O debate continuou tenso, com trocas de farpas dos dois lados. Na sua vez de perguntar, Onyx questionou Leite sobre o recebimento da pensão paga a ex-governadores, afirmando que o tucano "pegou R$ 40 mil e não devolveu".
— O senhor tem 37 anos e pediu pensão. Eu tenho 68 e não pedi ainda. O senhor acha isso correto? — provocou Onyx.
Leite se defendeu afirmando ser o único ex-governador que não recebe o benefício, completando que o recebimento de pensão por ele já havia sido desmentido no primeiro turno. E voltou a falar do envolvimento do adversário com caixa 2 nas campanhas eleitorais de 2012 e 2014.
— O senhor traiu a confiança do povo brasileiro. Recebeu dinheiro de caixa 2 e fez um acordo para não ser acionado judicialmente — disse Leite.
Propostas
Entre uma indireta e outra, os candidatos também falaram de propostas. As promessas de governo apareceram com mais força no segundo bloco, quando Onyx e Leite responderam a perguntas direcionadas a ambos, por ordem de sorteio.
Dentre os temas levantados, Leite se comprometeu a dar continuidade a projetos já iniciados no seu governo. Disse que fará investimentos de mobilidade urbana que atendam a região da Serra e que retomará as obras da ponte do Rio dos Sinos. Também falou em ampliar o ensino técnicos e o turno integral nas escolas de Ensino Médio, e reafirmou o compromisso de não privatizar o Banrisul.
Já Onyx destacou que sua eventual gestão terá foco no desenvolvimento das crianças, com a criação de uma secretaria da primeira infância. Também se comprometeu a fazer uma integração do transporte na Região Metropolitana, a partir da adoção de um bilhete único, além de garantir recursos para a saúde e adotar alíquota de 3% no ICMS em setores produtivos como a indústria coureiro-calçadista.
Os ataques voltaram no terceiro e último bloco, com novas indiretas e acusações dos dois lados. Onyx questionou o voto de Leite para presidente no segundo turno, em menção ao posicionamento neutro adotado pelo tucano, ao passo que sua candidatura ao Piratini tem recebido apoio de lideranças da esquerda. Leite, por sua vez, retomou os casos de corrupção associados ao adversário e, em mais de uma oportunidade, acusou-o de ser "uma usina de mentiras".
Mediado pelo jornalista Cláudio Brito, o debate teve duração de uma hora e meia. Do lado de fora de onde ocorria o evento, apoiadores dos dois candidatos demonstravam apoio com bandeiras e carros adesivados.