O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A exigência pública do PSDB para que o MDB apoie a candidatura do ex-governador Eduardo Leite à reeleição em troca do suporte à presidenciável Simone Tebet ainda não produziu efeitos no Rio Grande do Sul. Até o momento, o MDB não cogita arredar pé da candidatura própria liderada pelo deputado estadual Gabriel Souza, que foi indicado pelo diretório gaúcho em março.
O caminho para que isso mude passaria por uma mobilização explícita de quadros importantes do partido em favor do apoio a Leite em troca da aliança nacional, que parece distante de acontecer. Nesse rol, estão figuras como o ex-senador Pedro Simon, figura mais respeitada do MDB estadual, o ex-governador Germano Rigotto e o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça, que coordenam o plano de governo de Simone.
Embora esteja empolgado com a candidatura e acredite em um crescimento nas pesquisas durante o horário eleitoral, Gabriel não tem fama de intransigente e toparia conversar sobre uma composição em caso de isolamento interno.
O fato é que, até agora, o deputado não foi procurado por Simone, Baleia ou qualquer dirigente partidário para conversar sobre eventual desistência. Enquanto isso, mantém agenda de pré-campanha e conversas com partidos. Ele gravou para o programa partidário nesta sexta-feira (3) e, na segunda (6), deve conversar novamente com o PDT, que tem Vieira da Cunha como pré-candidato.
Mesmo sendo entusiasta da candidatura da senadora ao Palácio do Planalto, o ex-senador Pedro Simon não demonstra apoio ao recuo em nome da aliança nacional.
— Essa é uma esfera muito delicada. Acho que não é muito elegante condicionar uma coisa à outra — afirmou Simon, ressaltando que o MDB gaúcho fez história na luta contra o regime militar e lançou candidato ao governo em todas as eleições desde a redemocratização.
No dia anterior, Rigotto lembrou que Leite sequer assumiu que é candidato, mas admitiu ter sido procurado pelo presidente do MDB, Baleia Rossi, para discutir o assunto.
O presidente do diretório estadual, Fábio Branco, está fechado com Gabriel.
No MDB, há quem acredite que a exigência dos tucanos para o apoio no RS, no Mato Grosso do Sul e em Pernambuco em troca do apoio a Tebet não passa de blefe, já que o PSDB não teria tempo para lançar outro nome à presidência após a renúncia de João Doria. Cotado para a empreitada, Leite tem dito que seus “olhares e atenção estão no RS” e intensificou agendas no interior do Estado.
Aliados do tucano esperavam que, com a visita ao Estado nesta semana, Tebet conversasse com os líderes locais para convencê-los a apoiar Leite, mas o cancelamento da viagem em razão do falecimento do sogro da senadora frustrou expectativas.
Aliás
O apoio do MDB ao PSDB no Rio Grande do Sul é considerado decisivo para a adesão dos tucanos a Simone Tebet. O prazo atual para o acordo vai até o dia 8 de junho. No dia seguinte, a executiva do PSDB vai se reunir e deve anunciar o apoio a Tebet ou decidir por candidatura própria ao Planalto.