O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Com 57 votos favoráveis e dois contrários, o diretório estadual do MDB oficializou a pré-candidatura do deputado estadual Gabriel Souza a governador do Rio Grande do Sul. Médico-veterinário e natural da Tramandaí, Gabriel está no segundo mandato na Assembleia e, aos 38 anos, será o candidato mais jovem do MDB ao Palácio Piratini desde a redemocratização.
Contestada por uma ala do partido, a escolha do diretório foi prestigiada por centenas de militantes do interior do Estado e legitimada pelo ex-governador José Ivo Sartori, que discursou no evento. Outros líderes, como o ex-senador Pedro Simon, o ex-governador Germano Rigotto e o prefeito Sebastião Melo não compareceram. O deputado Alceu Moreira, que disputou a indicação com Gabriel e desistiu no meio da semana, foi outro que se recusou a participar.
— Se queremos construir esperança, temos de estar unidos. Gabriel terá um papel de construção da unidade para que a esperança esteja estabelecida para o nosso Rio Grande — disse Sartori, em sua manifestação.
Com a escolha do candidato, o MDB passará a negociar com outros partidos com o objetivo de solidificar uma aliança em torno de Gabriel. O discurso oficial é de que várias siglas serão procuradas, mas há uma disposição especial em atrair o PSDB do governador Eduardo Leite. Por ter sido líder de Sartori na Assembleia e participado ativamente da aprovação de projetos relevantes encaminhados por Leite, o deputado almeja representar o legado reformista dos dois governos nas urnas.
Antes, no entanto, precisará formar a chamada "coligação interna", tanto com a ala do partido que rejeita a escolha no diretório e resiste a uma aliança com os tucanos quanto com Alceu Moreira, que saiu da disputa profundamente magoado com o correligionário.
Levando em consideração a moção entregue pela ala descontente, que gostaria da escolha em uma pré-convenção, o presidente estadual do MDB, Fábio Branco, abriu votação para que o diretório opinasse sobre a própria legitimidade para apontar o candidato. Por 56 a 3, os votantes disseram que sim.
Depois da homologação do nome de Gabriel, em entrevista coletiva, Branco assegurou que a decisão do partido está tomada, a despeito da iniciativa de Cezar Schirmer de se lançar pré-candidato a governador e anunciar que pretende percorrer o Estado e disputar a vaga na convenção partidária, no segundo semestre.
— A instância legal nós estamos cumprindo, e o nosso candidato é o Gabriel Souza. Foram dadas todas as oportunidades a quem quisesse se apresentar para ser candidato. Qualquer outro movimento, legitimidade não tem — declarou Branco.
O deputado, por sua vez, disse que tem mantido contato com líderes que criticaram a escolha no diretório, como Sebastião Melo, e que está disposto a conversar com todos para unificar o MDB.
— Tenho absoluta certeza de que, assim como eu e nossos companheiros de todo o Rio Grande do Sul ajudamos nosso candidato Sebastião Melo a ser eleito prefeito, ele certamente ajudará o partido, porque ele é partidário.
Mais cedo, no discurso em que celebrou a vitória, Gabriel emocionou-se ao lembrar o início de sua trajetória na juventude do MDB, jurou lealdade ao partido e elogiou a si mesmo pela capacidade de conciliação. Prometeu que não fará uma campanha apenas com "palavras bonitas", e vestiu a roupa de candidato ao desafiar os futuros concorrentes:
— Quero dar orgulho a vocês (militantes) em cada um dos debates na TV, no rádio e nos jornais. Podem dizer: "Ah, o Gabriel é muito novo". Botem os outros candidatos a debater comigo! É bom que estudem e se preparem bastante antes, porque lá não vai ter assessor para soprar no ouvido.
Ao todo, 26 integrantes do diretório não participaram da votação presencialmente, e parte deles foi substituída por suplentes.
Bicharada
Na entrevista coletiva, ao dizer que o MDB deve buscar alianças com partidos que têm visões parecidas sobre o futuro do Estado, Gabriel aproveitou para alfinetar a provável chapa presidencial que terá Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB).
— Não se mistura camelo com girafa. Podem escrever: se eles chegarem a vencer, será um desastre durante o governo.
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