Após a Famurs anunciar apoio à proposta que autoriza o Estado a investir em obras federais, a coluna analisou quais regiões foram favoráveis à iniciativa do Piratini e quais foram contrárias. A constatação é de que a Metade Sul, Campanha, Fronteira Oeste, Região Central e Região Metropolitana apoiam o projeto. Já a maior parte do Norte, Noroeste, Serra e Litoral Norte se opõem.
Uma interpretação que pode ser feita por meio da leitura do mapa é de que os prefeitos beneficiados diretamente pelas obras nas BRs 116 e 290 são favoráveis ao projeto, enquanto os municípios mais distantes do traçado das rodovias federais firmaram posição divergente.
Presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), o prefeito de Nova Prata, Alcione Grazziotin, votou a favor do apoio ao projeto, mas fez uma série de ressalvas.
— Pedimos que sejam revistos os valores para investimentos nos trevos da BR-470, duplicação nas Antas, término do asfaltamento. Eu sou a favor de qualquer melhoria, mas fiz a ressalva porque a nossa região também precisa de investimento— explica.
Um dos mais críticos à proposta do governo na assembleia da Famurs, o presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Serra (Amserra) e prefeito de Canela, Constantino Orsolin reconhece que as obras seriam "importantíssimas", mas afirma que o Estado não tem condições de "dar dinheiro para o governo federal".
— Eles não souberam explicar de onde viriam esses recursos. O Norte (do Estado) e a própria região da Serra têm problemas sérios. Quem está perto da 290 e 116, é claro, vai ser beneficiado — diz Orsolin.
Presidente da Famurs e prefeito de São Borja, Eduardo Bonotto discorda de que a proximidade dos municípios em relação às obras tenha influenciado a decisão das associações.
— Não creio que tenha esse posicionamento porque todas as manifestações foram de que os investimentos eram importantes. Até as associações que eram contra não tiravam a importância dos investimentos — afirma o presidente da Famurs, Eduardo Bonotto.
Regime de urgência
A observação sobre a divisão no mapa do Estado é importante porque o governador Ranolfo Vieira Júnior espera contar com a pressão dos prefeitos sobre os deputados para aprovar o PL 51, que dá aval para investimento de R$ 495,1 milhões nas BRs 116 e 290. A proposta está na Assembleia desde março, chegou a tramitar em regime de urgência, mas foi deixada de lado por falta de consenso na base aliada.
A expectativa agora é retomar a articulação para aprovar o projeto antes das eleições. Caso contrário, a tendência é de que a matéria permaneça em banho-maria nas comissões até outubro.
— A retomada da urgência será tema de conversa com o governador, avaliando os prazos e momentos — pondera o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos.
Se aprovado, o dinheiro sairá do caixa do Estado para ser utilizado na duplicação das BRs 116 e 290, além de reforço em obras como a ponte do Rio do Sinos e o complexo do Viaduto da Scharlau.
— Não conversamos sobre isso na bancada (após a decisão da Famurs), devemos tratar na terça-feira (31). Pessoalmente tenho dificuldade muito grande para apoiar. O governo não deve retomar a urgência antes de falar com os deputados — afirma o líder emedebista na Assembleia, Carlos Búrigo.