A campanha eleitoral já começou na prática, a autorizada pela lei entra no ar em agosto e os brasileiros ouvirão de todos os candidatos o mesmo que ouviram em todas as eleições anteriores: a educação será prioridade. Nos planos de governo e nos discursos, educação, saúde e segurança sempre estão no topo da lista de “prioridades”, o que não quer dizer que sejam tratadas como prioritárias.
Essa diferença entre estar numa lista de prioridades e ser tratada como prioritária pode ser imperceptível a olho nu, mas quem se ocupa de pensar o futuro e sabe que ele depende da educação mostra a distância que separa uma coisa da outra. A constatação de que a educação é prioridade mas não tem tratamento prioritário está nos alicerces de um pacto que vem sendo construído a muitas mãos no Rio Grande do Sul para convencer os governos de todos os níveis de que sem uma “virada de chave” o Estado estará condenado à segunda ou terceira divisão em um hipotético campeonato de preparação para o futuro.
O pacto ainda não está na rua porque seus idealizadores querem ouvir mais vozes e ampliar o protagonismo de quem pode mover essa máquina com projetos, experiências a serem compartilhadas, exemplos inspiradores. Os candidatos a governador serão sabatinados e convocados a assumir compromissos com a qualidade da educação para além da retórica.
Apesar do desgaste da palavra, dado que no Brasil são abundantes as tentativas de pacto que deram em nada, os empresários, pedagogos e representantes da sociedade civil comprometidos com a iniciativa acreditam na força de uma ideia mobilizadora para envolver todos os que acreditam, de fato, na revolução pela educação. Partem do princípio de que é preciso recuperar o prestígio da profissão de professor e isso se faz com remuneração adequada, respeito, preparação e programas fundamentados.
A recuperação dos dois anos perdidos com a pandemia e a necessidade de trazer de volta os alunos que abandonaram a escola devem estar no radar dos candidatos. O ideal é que cada um apresente, na largada da campanha, quem é o responsável pela educação. Seria uma garantia de que, em vez de colocar a Secretaria da Educação no loteamento de cargos conhecido por “bacia das almas”, o eleito nomeará uma pessoa comprometida com a área e conhecedora do que precisa ser feito.