Em setembro de 2023, Janete Zilio se tornou uma das personagens mais conhecidas do Vale do Taquari com sua incrível história de sobrevivência, contada pelo repórter Fábio Schaffner. Moradora de Linha Alegre, no interior de Muçum, Janete e outras pessoas da família foram tragados pela enchente do Taquari. Três morreram. Um cunhado se salvou agarrado a uma árvore. Ela fez de uma telha de zinco a sua tábua de salvação e desceu 18 quilômetros rio abaixo, até ser resgatada quando já não acreditava mais em sair com vida.
Nesta segunda-feira (6), Janete e o marido Raul Zilio assinaram, enfim, o contrato para a construção da casa nova em um lugar seguro, distante 7 km da Linha Alegre onde tinham casa, galpões, dois caminhões, quatro vacas de leite, pomar e uma plantação de hortaliças. O casal receberá R$ 86 mil do programa Minha Casa, Minha Vida Rural Calamidades para construir uma residência de no mínimo 40 metros quadrados. A casa levada pela enchente havia sido concluída dias antes da enchente e custou R$ 300 mil.
Um mês depois da enchente, Janete e Zilio deram entrevista ao Gaúcha Atualidade, na praça em frente à igreja. Recontaram o drama de ter perdido tudo e de estarem dependendo de doações para ter o que vestir e calçar. Os dois eram um misto de desânimo pelas perdas de familiares e do patrimônio construído a duras penas e de gratidão por ela ter sobrevivido em circunstâncias adversas.
De lá para cá, Janete e Raul moraram um tempo de favor, na casa de parentes, ou do aluguel social pago pela prefeitura. Agora, finalmente, terão como recomeçar em outro local, longe da fúria do Taquari.
O prefeito de Muçum, Mateus Trojan (MDB), que participou da assinatura dos contratos ao lado de Maneco Hassen, responsável pelo Escritório da Reconstrução no Rio Grande do Sul, sempre acompanhou o drama dos Zilio. Reeleito, terá pela frente a tarefa de continuar a reconstrução de uma das cidades mais abaladas pela enchente de 2023 — e novamente em 2024.
Até agora, só 13 casas definitivas foram entregues. São as moradias doadas pelo Grupo Front, com recursos da empresa Soprano.
— Até o final de março deveremos entregar mais 50 casas em loteamento com infraestrutura completa — adianta o prefeito.
Até agora, a cidade foi contemplada com 406 casas em diferentes programas dos governos estadual e federal ou de doações privadas. Todas estão sendo ou serão construídas em locais que não ofereçam risco em caso de nova enchente do Taquari, o rio que em maio do ano passado voltou a alagar a cidade.