Passado o feriadão de Páscoa, em que a maioria dos parlamentares viajou para suas bases eleitorais, cresceu o movimento de resistência na Assembleia Legislativa ao projeto que autoriza o governo do Estado a transferir R$ 495,1 milhões para o DNIT investir na duplicação em rodovias federais. Parlamentares da base de apoio e da oposição questionam a prioridade escolhida pelo Piratini.
— Sou veementemente contra. Eu ando pelo Rio Grande do Sul, temos falta de acessos, de ligações regionais e de ligações entre municípios. O Estado tem que atender primeiro ao que lhe diz respeito — diz o deputado Sérgio Turra (PP), que pedirá ao governo a retirada do projeto.
Como mostrou a coluna nesta segunda-feira (18), o baixo interesse no leilão das concessões de rodovias da Serra e do Vale do Caí, que deixou o pedágio em valor considerado alto demais pelos deputados, é um dos motivos para a resistência. Outro eixo de contestação é conservação das rodovias estaduais, a maioria administrada pelo Daer. Deputados dizem que o Estado não pode gastar recursos com obras federais enquanto as estradas estaduais estiverem em condições precárias.
— Qual a contrapartida que a União dará por conta desse investimento que o Rio Grande do Sul faria? Esses valores seriam abatidos da dívida? — questiona o líder do PT na Assembleia, Pepe Vargas.
Maior bancada no Legislativo gaúcho, com nove deputados, o PT afirma publicamente que ainda não decidiu como irá se posicionar no projeto e pediu que o governo promova audiências públicas. Segundo maior grupo de parlamentares, com oito cadeiras, o MDB irá discutir o assunto nesta terça-feira (19) durante a reunião da bancada. O líder do MDB, Carlos Búrigo, já avisou que irá avaliar o assunto "com muito cuidado", especialmente após o leilão das rodovias da Serra.
O PP deve liberar os deputados para decidir de acordo com a preferência de cada parlamentar. Já o líder do PL, deputado Paparico Bacchi, opina que o projeto deverá ter "muita dificuldade" para passar e cita as obras que são aguardadas por municípios do Interior, como acessos asfálticos.
O governo também não contará com os votos do PSB, que deixou a base no mês passado, e com os dois deputados do Novo, que votam de forma independente.
Piratini diz que obras são "estruturantes"
O Piratini afirma que as obras selecionadas com o DNIT para a aplicação dos recursos são "estruturantes" para qualificar a infraestrutura do Estado. No texto enviado à Assembleia, o governo cita que a conclusão dos trabalhos no complexo viário da Scharlau e na ponte do Rio do Sinos podem reduzir o tempo de viagem em até 30 minutos.
— Sabemos que o desafio é grande. Queremos e manteremos sempre o esforço de levarmos a cabo projetos que tenhamos conforto de compreensão. Vamos até os últimos dias buscando compreender e argumentar — diz o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos.
Se o projeto for aprovado, o dinheiro também será usado para acelerar as obras de duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, e para duplicar trecho da BR-290, na região de Butiá.