Formalizada na quinta-feira passada, a saída da ex-senadora Ana Amélia Lemos do PP é o desfecho de um processo de desgaste nas relações que já dura quatro anos. Ana Amélia queria ser candidata ao Senado pelo partido que escolheu em 2010, quando decidiu trocar o jornalismo pela política, mas as portas se fecharam no momento em que o senador Luis Carlos Heinze, que concorre ao Piratini, passou a oferecer a vaga a futuros aliados.
Desde meados do ano passado, a ex-senadora vinha recebendo convites de diferentes partidos de centro-direita, mas acabou optando pelo PSD, o mesmo que deve abrigar o governador Eduardo Leite, provável candidato à presidência da República. É pelo PSD que concorrerá ao Senado, usando o número 555.
Depois de pedir a desfiliação, Ana Amélia encaminhou uma longa carta ao presidente do partido, Celso Bernardi. Datada de 10 de março, a carta de nove parágrafos começa assim:
“Não esperava lhe escrever esta carta. Uma carta de despedida. Não pela minha vontade, mas por circunstâncias políticas que denotam, claramente, a impossibilidade de seguir em um partido que deu inúmeros sinais explícitos de que não deseja mais a minha permanência nos seus quadros. Um sinal que vem de algumas lideranças, mas não de sua base. Tenho a consciência tranquila e serena de que tudo fiz para honrar o partido, o Rio Grande e engrandecer nosso país, agindo sempre com lealdade e integridade com os correligionários, com meus eleitores e meus conterrâneos de Lagoa Vermelha”.
As desavenças com Heinze nasceram na noite de 2018 em que a então senadora decidiu trocar uma reeleição praticamente certa para mais oito anos de mandato pela incerteza de uma candidatura a vice de Geraldo Alckmin, na expectativa de ajudar a evitar a vitória de Jair Bolsonaro. Fechada a aliança com o PSDB, o PP apoiou a candidatura de Eduardo Leite ao governador e desde 2019 ocupa postos estratégicos no governo. Heinze precisou desistir do Piratini, conquistou uma cadeira no Senado em aliança informal com Jair Bolsonaro, mas nunca perdoou Ana Amélia.
Aos amigos, a ex-senadora reclama que nem para ser deputada federal o PP a convidou. À coluna, disse que o partido ignora o trabalho que fez, quando se filiou, de atrair líderes para o PP, inclusive jovens como o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, um dos mais promissores de sua geração:
— Graças ao que fiz em 2012, o PP ganhou musculatura em Porto Alegre, ampliando força, e em 2016 chegou a vice de Nelson Marchezan. Alckmin foi candidato de uma ampla aliança, incluindo o PP.
Aliás
Ana Amélia vai para a eleição tendo como principais argumentos de campanha o trabalho realizado nos oito anos de Senado em defesa dos pacientes com câncer e fibromialgia e a ação em favor do fortalecimento dos municípios.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.