Se existisse um termômetro para medir a tendência de Eduardo Leite, seria possível dizer que a chance de ser candidato a presidência pelo PSD subiu para, no mínimo, 80%. Embora siga dizendo que ainda não decidiu, o discurso evoluiu nos últimos dias e, nas entrelinhas, fica claro que a decisão está tomada e que o anúncio será feito no final desta semana ou início da outra.
O retorno antecipado para o Brasil tem por objetivo conversar com líderes políticos para se assegurar de que não estará sozinho. Leite disse que, nestes dias em que está aqui nos Estados Unidos, conversou com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, por telefone “duas ou três vezes” e que os dois trocaram mensagens pelo WhatsApp.
À coluna, o governador descartou definitivamente a hipótese de concorrer à reeleição:
— Sempre que recebo apelos para concorrer, digo que a língua que terá de ser mordida é a minha, e não a de quem sugere esquecer a promessa de não disputar a reeleição.
Nos bastidores, a equipe de Leite discute como será o anúncio. A ideia é que seja feito em um ato organizado para tal, sem improviso, com a presença dos líderes que sustentam a candidatura. Diferentemente de quando assumiu que é gay e escolheu o jornalista Pedro Bial para dar a primeira entrevista sobre sua orientação sexual, até então tratada como “um não assunto”, desta vez o anúncio deve ser feito em campo neutro, provavelmente seguido de entrevista coletiva, para não privilegiar este ou aquele veículo ou uma instituição em particular.
O problema é que Kassab vazou para diferentes veículos a informação de que está tudo definido, enquanto Leite segue evitando até dizer de quanto por cento é a chance de concorrer.
O governador tem dito que é muito duro deixar o governo no momento em que o Estado fará as entregas que não conseguiu fazer até agora, tem dinheiro para investimento e está em seu melhor momento.
Leite disse que ainda precisa conversar com o vice, Ranolfo Vieira Júnior, e mais de uma vez falou como se estes fossem seus últimos dias no governo. Nesta semana, ele pretende anunciar o reajuste geral para o funcionalismo, que deverá ser de 5,53%, mesmo índice de correção do salário mínimo regional.
Caso renuncie mesmo até 2 de abril, Ranolfo assume. Em caso de viagem do novo titular, ficará em seu lugar a presidente do Tribunal de Justiça, Iris Helena Medeiros Nogueira. É que o próximo da linha de sucessão é o presidente da Assembleia, Valdeci Oliveira, que não pode assumir o Executivo porque é candidato à reeleição e ficaria inelegível.
Aliás
Um indício de que o anúncio da candidatura de Eduardo Leite será feito no Rio Grande do Sul e não em São Paulo é que seu namorado, o médico Thalis Bolzan, viajará para o Estado na terça-feira.
Equação estadual
Com o vice Ranolfo Vieira Júnior assumindo o governo a partir de 2 de abril, ele passa a ser candidato natural à reeleição, a menos que seja preciso ceder a vaga em nome de uma aliança nacional com o MDB, por exemplo.
Outra hipótese caseira seria Leite apoiar a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, que aparece nas pesquisas internas como o nome mais competitivo do PSDB e da base do governo. Para ser candidata, Paula precisa renunciar à prefeitura de Pelotas até 2 de abril. Como não pretende ser deputada, a prefeita só deixaria o mandato dois anos e nove meses antes do fim para concorrer ao Piratini.
Entrave
A preocupação com a sucessão no Estado é um dos principais entraves à candidatura de Leite a presidente, embora não seja o único.
O temor é de que a vitória de um candidato sem compromisso com o ajuste fiscal coloque a perder tudo o que foi feito nos últimos anos para equilibrar as contas e retomar o pagamento em dia dos salários.
Retorno ao olho do furacão
De volta ao Brasil um dia antes do previsto, o governador Eduardo Leite desembarca em São Paulo na manhã desta segunda-feira.
Nem toda a comitiva retornará no mesmo voo. Alguns secretários ficaram em Austin porque tinham agendas na SXSW, outros porque não conseguiram voo ou não quiseram pagar a multa para trocar.
Para viabilizar o retorno antecipado foi preciso alterar a conexão. Em vez de Miami, o governador e sua assessoria voltaram por Atlanta.
Leite passará a segunda e a terça-feira em São Paulo, onde terá reuniões com políticos e audiência com a direção do Banco Itaú. Na quarta, o governador faz palestra na tradicional reunião-almoço da Federasul, que está com todos os ingressos esgotados.
Da capital paulista, Leite tem recebido informações de que não apenas a Faria Lima (setor financeiro) mas também empresários da indústria e do comércio estão dispostos a apoiar sua candidatura.
Retiro com o namorado
Antes do início da maratona de encontros de trabalho em Nova York, Eduardo Leite tirou férias e passou cinco dias em uma espécie de retiro com o namorado, Thalis Bolzan.
Conforme contou no encontro com integrantes do Atlantic Council, em Washington, ele tem conversado com a família e com o companheiro sobre as implicações de uma candidatura a presidente no contexto de uma campanha que será marcada por fake news e ataques nas redes sociais.
Não disse qual é a opinião de Thalis, mas sabe-se apenas que o médico apoiará sua decisão, seja ela qual for.
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