Nada de reforma previdenciária e administrava, equilíbrio fiscal e outros temas árduos que pautaram a agenda do governador Eduardo Leite em Nova York e Washington. Em Austin, em sua estreia no consagrado festival South by Southwest, o popular SXSW, a pegada é outra. Leite fará palestra às 11h deste sábado (14h no Brasil) com foco nos temas que mais mobilizam o público conectado e preocupado com o futuro do planeta: economia verde.
Inovação, energia limpa, hidrogênio verde e transformação digital estarão no centro do discurso, que será feito em inglês, como foram todas as outras agendas de Leite nos Estados Unidos. Ele já era fluente quando concluiu o mandato de prefeito em Pelotas e foi estudar na Columbia University, e faz questão de falar a língua dos anfitriões.
Os projetos de energia solar e eólica têm sido citados todos os dias, assim como o hidrogênio verde e a necessidade de substituição das usinas de carvão por fontes não poluentes. O tema da sustentabilidade está entre os que mais mobilizam os americanos quando se fala do Brasil, um país que nos últimos anos tem sido visto com preocupação por causa do desmatamento da Amazônia.
Dinheiro para pagar precatórios
No último compromisso oficial em Washington, Leite tratou do empréstimo de US$ 500 milhões que está sendo negociado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o pagamento de precatórios. A previsão, reforçada depois que o governo apresentou os resultados das reformas e o balanço da situação fiscal, é assinar o contrato até o final do ano. A primeira parcela do empréstimo será liberada em 2023.
A ideia é usar esses cerca de R$ 2 bilhões para quitar R$ 4 bilhões de precatórios, já que o dinheiro será usado exclusivamente para pagamento de credores que aceitarem oferecer um deságio no valor que têm a receber do Estado.
O Rio Grande do Sul precisa quitar até 2029 todo o estoque de precatórios, mas não consegue desembolsar o valor necessário para abater as dívidas no ritmo necessário. O empréstimo reduzirá a necessidade de retirada de recursos do orçamento para o pagamento de dívidas antigas.
O custo do BID, segundo o secretário estadual da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, é inferior ao de qualquer outro financiamento, e o prazo de pagamento chega a 25 anos. O empréstimo para pagar dívidas está entre as exceções previstas no acordo de adesão ao regime de recuperação fiscal, que limita as possibilidades de endividamento.
Visita à Dell
Assim que desembarcou em Austin, depois de três horas e meia de voo, o governador Eduardo Leite seguiu para a sede da empresa Dell Technologies, seu primeiro compromisso no Texas. A agenda previa ainda um encontro com o governador do Texas, o ultraconservador Greg Abbot, do Partido Republicano.
Real sim, eu não
Um dos participantes da reunião do governador Eduardo Leite com analistas do Bank Of America se impressionou com o que ouviu: o banco está recomendando a seus clientes que se desfaçam de euros para comprar reais.
São os ecos da guerra da Ucrânia no mercado financeiro. O próprio analista disse que nunca imaginou que fosse dar esse conselho.
Mais dinheiro
Depois da apresentação dos dados fiscais do Rio Grande do Sul, para defender o empréstimo de US$ 500 milhões para a quitação de precatórios, o governador e a comitiva que o acompanhava na reunião foram surpreendidos com a oferta de mais crédito. O banco dispõe de linhas específicas para financiamento de projetos de modernização administrativa.
Sem-teto e sem comida
A inflação e a crise decorrentes da pandemia fizeram crescer o número de sem-teto e pedintes em Nova York. É comum ver pessoas vasculhando o lixo em busca de sobras de comida.
Até em Washington é possível ver moradores de rua, coisa impensável há 10 anos. A pobreza aqui é um pouco menos indigna: os sem-teto ocupam barracas de náilon e não ficam ao relento com a temperatura próxima de zero.