O Dia da Pátria é só um pretexto para as manifestações que ocorrerão nesta terça-feira (7) em diferentes pontos do Brasil. O que está em jogo tanto para os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro quanto para seus críticos é a eleição de 2022, ainda que nas bandeiras, faixas e cartazes apareçam múltiplas causas, legítimas ou ilegítimas, legais ou ilegais. Espontânea, nenhuma das duas é. Embora o comparecimento se dê por livre e espontânea vontade, são atos organizados para demonstrar força, em uma antecipação da campanha eleitoral de 2022.
Há mais de um mês, Bolsonaro vem convocando seus apoiadores a tomarem as ruas no Sete de Setembro, como parte da guerra declarada ao Supremo Tribunal Federal em geral e aos ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso em particular. A libertação do ex-presidente Lula, a anulação das condenações impostas em Curitiba e referendadas pelos Tribunal Regional Federal da 4ª Região e a suspeição do ex-juiz Sergio Moro formam o caldo que colocou o Supremo na berlinda.
Nos últimos dias, Moraes passou a ser o foco principal, por ter determinado a prisão de blogueiros bolsonaristas e de agitadores que pregam a arruaça, como o fechamento de rodovias e o ataque ao prédio do Supremo, e até a morte do ministro, o que está longe de se enquadrar no conceito de “liberdade de expressão”.
A oposição adotou um caminho errático e vai dividida para o Sete de Setembro. Aliados do PT e do ex-presidente Lula, puxados pelos líderes sindicais que estão convocando as manifestações, vão para a rua na carona do tradicional Grito dos Excluídos fustigar Bolsonaro nos pontos em que ele está mais fragilizado: as mais de 580 mil mortes pelo coronavírus, o aumento dos preços dos alimentos, do combustível e da energia elétrica e as suspeitas de corrupção envolvendo os filhos.
Há entre os líderes de oposição os que consideram a manifestação desta terça-feira um erro estratégico, porque não seria o momento de medir forças.
Um terceiro grupo, o dos que não apoiam nem Bolsonaro nem Lula, marcou outra manifestação para o dia 12 de setembro, que também tem conotação eleitoral. Organizada pelo Movimento Brasil Livre (MBL), pode-se dizer que seria uma espécie de comício da terceira via, se os liberais de centro já tivessem um candidato para chamar de seu. Como ainda não têm, será o protesto dos nem-nem.
Aliás
A despeito das ameaças em redes sociais, a expectativa das autoridades da área de segurança pública no Rio Grande do Sul é de que as manifestações serão pacíficas, seja porque atos violentos serão gol contra para o lado que os praticar, seja porque a chuva deve esfriar os ânimos.