Com enfoques diferentes, o presidente Jair Bolsonaro e o governador Eduardo Leite trataram da pandemia de coronavírus durante a solenidade de inauguração da nova ponte do Guaíba. Primeiro a falar, Leite lamentou o momento difícil que vive não apenas o Rio Grande do Sul e o Brasil, mas toda a Humanidade, por causa do coronavírus.
Leite expressou sua confiança na vacina para que, com a população protegida, a economia volte a crescer. Reafirmou a convicção de que o Ministério da Saúde coordenará o processo de distribuição da vacina em todo o país, tema da conversa que teve com Bolsonaro, no carro, entre o aeroporto e a ponte.
Bolsonaro não falou na vacina. Começou dizendo que estamos “no finzinho da pandemia” — embora os números de mortes e internações mostrem o contrário — e ressaltou o que considera os acertos de sua gestão:
— Nosso governo foi o que melhor se saiu, ou um dos melhores, no tocante à economia.
No discurso, citou o auxílio emergencial a 67 milhões de brasileiros, o socorro aos Estados e municípios para compensar as perdas de arrecadação e a liberação de recursos para equipar hospitais e comprar equipamentos de proteção individual. Disse que não foi possível “atuar diretamente na questão” do coronavírus por decisão judicial, referindo-se ao Supremo Tribunal Federal, que deu autonomia a Estados e municípios para adotar medidas restritivas.
Desta vez, o presidente não exibiu a caixa de cloroquina, como fizera na visita anterior a Bagé, mas voltou a defender o “tratamento precoce”. Atribuiu ao uso da hidroxicloroquina o baixo número de mortes por covid-19 na África, já que o medicamento é usado regularmente para combater a malária e o lúpus.
— Sempre disse que não tinha comprovação científica, mas não é preciso ser muito inteligente para ver que o tratamento funciona.
Contrariando os dados que indicam o aumento da média de mortes nas últimas semanas, o presidente disse que o número de óbitos por milhão vai “cada vez mais para baixo”.
— Evitamos o colapso da economia. Economia e saúde têm de andar de mãos dadas — reforçou e foi interrompido por aplausos.
Depois, mencionou o aumento dos preços dos produtos agrícolas e o fato de não ter havido desabastecimento:
— Tivemos aumento anormal de alguns produtos, mas é menos ruim ter inflação do que desabastecimento. Se o campo tivesse parado, teríamos o caos.