Uma das obras viárias mais importantes do Rio Grande do Sul foi inaugurada na manhã desta quinta-feira (10), em Porto Alegre. A nova ponte do Guaíba, que começou a ser construída em 2014, foi entregue parcialmente pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. A cerimônia também contou com a presença do governador Eduardo Leite, do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, do prefeito Nelson Marchezan, do prefeito eleito Sebastião Melo, entre outras autoridades.
A solenidade iniciou às 10h10min e durou cerca de 50 minutos. Em um palco montado sobre uma das alças de acesso da nova ponte, o presidente começou seu discurso dizendo que se sente em casa no Rio Grande do Sul e destacou:
— Esta obra não começou conosco, como a grande maioria não começou conosco, mas vamos terminar todas as que forem possíveis de terminar.
Vestindo um chapéu de estampa camuflada, sem máscara, Bolsonaro falou por cerca de 15 minutos sobre assuntos diversos, incluindo a defesa do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Mesmo com as mortes novamente em alta no Brasil, ele afirmou que já se chegou no "finalzinho" da pandemia.
— Estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhor se saíram no tocante à economia — declarou, citando o auxílio emergencial e apoio a Estados e municípios.
O presidente também se referiu à inflação no país. Novembro teve o pior índice em cinco anos: a inflação oficial no Brasil subiu 0,89%, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados na terça-feira (8) pelo IBGE.
— É menos ruim ter uma inflação do que o desabastecimento — defendeu Bolsonaro, que parabenizou "os homens do campo" por não pararem de trabalhar na pandemia.
O ministro da Infraestrutura comparou a inauguração da ponte ao nascimento de um filho, "um filho bonito".
— Como engenheiro, eu fico emocionado de ver isso — disse Tarcísio, destacando a navegabilidade por meio de vãos com 40 metros de altura e 140 de extensão e a construção quase em sua totalidade por elementos pré-fabricados. — É uma das maiores obras em execução no Brasil e um espetáculo em termos de engenharia.
Prevista inicialmente para 2017, a obra promete gerar um alívio no trânsito na ligação entre a Capital e a metade sul do Estado. A partir desta quinta, os veículos poderão usar o vão principal da nova ponte, mas apenas três acessos serão liberados ao tráfego inicialmente. Três ramos da interseção com a freeway devem ser terminados em 2021, incluindo o que liga o centro da Capital à ponte.
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), é preciso ainda realocar 600 famílias que residem nas comunidades Tio Zeca e Areia, no bairro Humaitá. O órgão alega que os reassentamentos não ocorreram neste ano em razão das medidas preventivas ao coronavírus — não puderam realizar audiências públicas e outros trâmites obrigatórios. Os moradores protestaram nesta manhã.
Na solenidade, Freitas destacou:
— E o resto da obra? Continua sendo prioridade, mas a lógica é essa: se está pronta, vamos liberar logo para a população usar.
Tarcísio Freitas e o diretor-geral do Dnit, general Antônio Santos Filho, também assinaram o contrato do projeto do lote 10 da BR-116, contemplando a duplicação da ponte sobre o rio Camaquã e a implantação do viaduto em Pompeia, e a ordem de serviço para pavimentação e melhorias da BR-470.
No seu discurso, Eduardo Leite destacou que obras em execução e a ponte inaugurada nesta quinta-feira vão representar redução de custos logísticos importantes para aumentar a competitividade do Rio Grande do Sul.
— É uma obra relevante, não apenas pela ligação à região sul do Estado, que economicamente, precisa dessa obra, associada à duplicação da BR-116, mas é importante para melhorar a competitividade de tudo o que se produz na metade norte em direção ao porto de Rio Grande. Com a redução do tempo de viagem, a segurança nesse sistema viário, temos a redução dos custos logísticos.
Na presença do presidente e de ministros, o governador também aproveitou para tocar no assunto da vacina contra a covid-19:
— Renovo a minha confiança na liderança do Governo Federal, a partir do Ministério da Saúde, para coordenar um programa nacional de imunização de todos os brasileiros. Será fundamental para que retomemos a nossa economia.
Após os discursos, o presidente não caminhou sobre a ponte do Guaíba e seguiu com a agenda em direção a Barra do Ribeiro. Não foi permitido à imprensa fazer perguntas.
Contando com trechos em aterro, viadutos, pontes e ramos de acesso, o empreendimento soma 13,6 quilômetros. Diferentemente da ponte antiga, a nova ponte não tem vão móvel, permitindo que os navios passem por dois vãos sem interromper o trânsito de veículos. A ponte velha seguirá em operação, sob o cuidado da concessionária CCR ViaSul.
Quem trafega pela freeway em direção ao sul do Estado poderá usar a nova ponte a partir das 16h desta quinta. Já os motoristas que vêm de Guaíba poderão acessar a freeway e rumar para o centro de Porto Alegre ou para o Litoral a partir de domingo (13).
A previsão total de investimento na obra é de R$ 820.173.527,50. R$ 649,6 milhões era o valor previsto inicialmente (somaram-se R$ 21,1 milhões de aditivos e R$ 149,5 milhões de correção monetária).