Enquanto veículos oficiais circulam na área da nova ponte do Guaíba prestes a ser inaugurada, moradores que terão suas casas derrubadas para o andamento da obra protestam com faixas e cartazes. Aproximadamente 500 famílias terão de sair das vilas Areia e Tio Zeca para a sequência dos 5% restantes da construção.
A manifestação é pacífica, sem confronto ou interdição do fluxo de veículos. Os cartazes pedem por uma audiência judicial que defina as indenizações — as pessoas que terão os imóveis desapropriados terão outra residência comprada pelo governo federal.
A cozinheira Renata Marques da Conceição Simões, 48 anos, teme que a região seja esquecida pelas autoridades:
— Todo mundo acertou a compra assistida. Eu moro em qualquer lugar em Porto Alegre.
A faxineira Daiane Neres, 33 anos, tem um barraco na Vila Areia, onde vive com o marido e um filho. Ela admite que a casa está em más condições e afirma estar pronta para desocupá-la.
— Eu quero sair. Mas quero que acertem logo a compra de um lugar. Tenho medo que passem por cima da minha casa e eu vá morar embaixo da ponte.
“Recadastramento já” foi pichado na obra. Outra faixa expõe “Moradia digna”.
O protesto pacífico iniciou por volta das 7h30min e não tem hora para ser encerrado. Além de residentes da região, conta com apoiadores ligados a movimentos sociais.