Sem ter conseguido ainda pagar os salários de abril dos servidores do Executivo, que só devem ser quitados perto do dia 12 de junho, o governador Eduardo Leite depende do socorro emergencial do Palácio do Planalto, que foi aprovado pelo Congresso e que aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro. Sem esse dinheiro, não há como pagar abril e, muito menos, montar o calendário de pagamento de maio, que deveria começar no dia 29.
Nesta quinta-feira (21), na reunião virtual com Bolsonaro e com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, não estava prevista manifestação do governador do Rio Grande do Sul. Representando os 27, só falariam os governadores João Doria, de São Paulo, e Reinaldo Azambuja, de Mato Grosso do Sul.
Leite aproveitou um problema técnico que impedia a conexão de Doria para pedir a palavra. Em fala sintética, pediu a Bolsonaro que apresse a liberação do socorro emergencial aos Estados, aprovado pelo Congresso, e a de parte do valor referente ao acordo de ressarcimento das perdas da Lei Kandir, que será pago até 2037.
O governador explicou que o Estado perdeu R$ 700 milhões de receita em abril e que a arrecadação deve cair mais R$ 1 milhão em maio. Como parte da arrecadação vai para as prefeituras, a perda líquida para os cofres do Estado beste mês é estimada em R$ 690 milhões. Da União, virão R$ 500 milhões em dinheiro, mais a suspensão do pagamento da dívida, que o Estado já não vinha pagando por força de liminar do Supremo Tribunal Federal.
Leite se comprometeu em apoiar o congelamento dos salários dos servidores públicos, contrapartida exigida pelo ministro Paulo Guedes para o socorro aos Estados. No Rio Grande do Sul, com exceção da área da segurança, os salários estão congelados há seis anos
Com a queda da receita, o Estado, que nos primeiros meses do ano tinha conseguido reduzir os atrasos para 13 dias, depois de ter chegado a 45 em setembro, voltará a quitar a folha mais de 40 dias depois da data prevista em lei. Mesmo com retomada gradual da economia, a receita de junho ainda será fortemente impactada pela paralisia decorrente do isolamento social.