Lembra daquelas pessoas que diziam nas redes sociais “eu já precisei de médico, de advogado, de dentista, mas nunca precisei de artistas ou de jornalistas”? E das que zombavam dos pesquisadores e diziam que universidades eram antros de balbúrdia? Nesses dias em que tudo o que era sólido parece que se desmancha no ar, me pergunto como estarão ocupando seu tempo os que desprezam os artistas.
Os filmes que as TVs e os serviços de streaming oferecem para entreter milhões de terráqueos em quarentena pelo mundo são um dos principais produtos da indústria cultural, tão difamada em tempos de fake news.
Os livros de ficção nos ajudam a desviar o foco da preocupação com o coronavírus, remédio importante para a saude mental. Não por acaso, o governo francês acaba de anunciar um programa de 5 milhões de euros para manter viva a indústria do livro. Graças à tecnologia, é possível comprá-los sem sair de casa, mas até chegar às nossas mãos, o livro é um trabalho solitário de homens e mulheres que, além de talento para contar histórias, têm disposição para gastar seus dias dando vida a personagens de um mundo paralelo.
E o que dizer da música? Quem pode imaginar um mundo sem música em tempos de paz ou de guerra? Quem não se comove com os artistas que fazem shows da sacada para animar os vizinhos na Itália? Pois estão... Precisamos valorizar também quem está na internet fazendo shows para milhões de jovens que não podem sair de casa.
Com as produções paradas, os teatros fechados e os shows cancelados, a indústria da cultura será uma das mais afetadas. Quando tudo passar, será que ouviremos vozes dizendo que artistas são parasitas? Espero que não.
Enquanto nos reviramos na cama tentando encontrar o sono perdido, cientistas do mundo inteiro estão trabalhando para encontrar a cura e a vacina para o coronavírus, e para outras doenças, novas ou velhas. Só a ciência vai nos livrar do vírus e de suas consequência, mas enquanto ela não tem as respostas, a informação pode nos salvar.
Nunca o jornalismo foi tão importante para alertar a população, mostrar o que é verdade e o que é mentira, orientar para cuidados que podem evitar a propagação do vírus. Estamos todos trabalhando em condições adversas, mas beneficiados pelos avanços tecnológicos que permitem escrever, transmitir e publicar de qualquer lugar, inclusive deste jardim onde passo o fim de semana de isolamento.
Aqui os pássaros cantam na manhã de domingo como se não houvesse uma nuvem escura sobre o planeta. Estamos vivendo um pesadelo, mas vai passar. Se cada um fizer a sua parte, as perdas serão menores.
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