
O rompimento do prefeito Nelson Marchezan (PSDB) com o partido do vice-prefeito, Gustavo Paim, se materializou nesta quinta-feira (5) com a ordem para a demissão de todos os ocupantes de cargos em comissão vinculados ao PP.
Um a um, os CCs estão sendo chamados ao gabinete do secretário de Relações Institucionais, Christian Lemos, para receber o “bilhete azul”. Só escapam os que concordam em trocar o PP pelo PSDB ou por um dos partidos da base aliada. De olho nos cargos, suplentes de vereador já começaram a migrar para outros partidos.
Nem os assessores diretos de Paim, que está em férias e retorna a Porto Alegre segunda-feira (9), escaparão da guilhotina. A coluna tentou ouvir Paim, mas o vice está fora do país e não retornou a ligação.
Marchezan confirmou à coluna que decidiu banir o PP do governo:
– Se eu ou o governo somos corruptos, e eles em três anos não indicaram no que, eles não podem ficar aqui.
E como fica o gabinete de Paim sem os assessores?
— Quando ele retornar vamos acertar isso. Mas quem não denunciou corrupção e nos chama de corruptos agora, não fica no governo — responde Marchezan.
Embora o rompimento tenha sido formalizado em 8 de agosto, quando o PP deixou a base do governo na Câmara, ainda restavam, segundo as contas do prefeito, pelo menos 75 assessores indicados pelo partido.
O chefe de gabinete de Paim, Matheus Ayres, suplente de vereador, estima que sejam cerca de 50. O próprio Ayres foi comunicado por Christian de que está fora.
As relações vêm tensas desde a votação do projeto do IPTU, que enfrentou a resistência dos vereadores Mônica Leal, Cassiá Carpes e Ricardo Gomes. Pioraram com a tentativa do vereador Adeli Sell (PT), de renovar a votação do projeto, aprovado com três votos além do necessário, e que teve o aval de Mônica e de Gomes.
Fracassada a tentativa de boicotar o governo no IPTU, que Marchezan considera uma questão de honra, surgiu novo incidente: o pedido de impeachment protocolado por um biólogo filiado ao PP.
Embora a admissibilidade do requerimento tenha sido rejeitada, o PP aliou-se à oposição e apoiou a abertura de uma CPI, proposta por Roberto Robaina (PSOL) para investigar parte das denúncias.
Para completar, Mônica entrou com representação no Ministério Público, pedindo que Marchezan seja investigado. Esticada, a corda arrebentou.
Aliás
Nelson Marchezan está convencido de que o pedido de impeachment foi engendrado por líderes do PP e que o biólogo que assinou o documento não passa de um testa de ferro. Isso explica a insistência em obter as imagens de quem circulou pela Câmara nos dias que antecederam o protocolo.
Acima das diferenças
Secretária da Educação do prefeito Olívio Dutra (PT), no final dos anos 1980, a professora Esther Pillar Grossi apareceu de surpresa ontem no ato em que o prefeito apresentava o projeto de revitalização de uma praça no Morro da Cruz.

Aos 83 anos, cabelo colorido e esbanjando vitalidade, Esther contou que está alfabetizando um grupo de alunos no bairro e que joga futebol com eles.
– Sou a goleira – anunciou, depois de perguntar quando a quadra de esportes ficará pronta.
– Em 15 dias – prometeu Marchezan, explicando que a empresa só recebe depois de entregar o serviço.
Esther disse que soube que o filho de um grande amigo (o ex-deputado Nelson Marchezan, pai do prefeito) estava no bairro e foi conversar com ele. A visita emocionou Marchezan. Os dois trocaram ideias sobre educação, e Esther falou de seus projetos para a comunidade.