O tamanho da resposta do Partido Progressista (PP) à manifestação do presidente municipal do PSDB, Moisés Barbosa, dá a dimensão da crise que envolve os aliados na prefeitura de Porto Alegre. São cinco páginas assinadas pelo presidente do PP da Capital, vereador João Carlos Nedel, em linguagem dura. A carta entregue às 14h desta terça-feira (9) é endereçada a Barbosa, mas o verdadeiro destinatário é o prefeito Nelson Marchezan. Na noite desta terça, o diretório municipal se reúne para discutir as relações com o prefeito.
Em um grupo de WhatsApp do PP, filiados reclamam que Marchezan teria chamado Nedel de "vigarista". "O prefeito chamou de vigarista um senhor de cabelos brancos", reclama um filiado.
Marchezan, no entanto, nega ter ofendido o vereador, mas reafirma a sugestão para o partido deixar o governo:
— Só elogiei Nedel. E disse que nunca pensei que ele pensasse aquilo do governo. E que se pensam o que escreveram, devem sair imediatamente. Isso já havíamos dito na correspondência enviada ao PP na sexta — disse o prefeito.
Com o PP dizendo abertamente que pretende concorrer em faixa própria na eleição de 2020, em vez de repetir a dobradinha com o PSDB, e que o vice-prefeito, Gustavo Paim, é pré-candidato, Marchezan sentiu-se traído e começou a mandar recados para os vereadores. A demissão de 15 assessores indicados pelo PP fez entornar o caldo. Em represália, o PP protocolou um pedido de informações sobre o Banco de Talentos, sugerindo que os critérios para escolha de quem vai ocupar cargos de chefia são obscuros.
Os tucanos sugerem que o PP decida se quer ser governo ou oposição. Os dirigentes do PP dizem que não se trata de decidir, porque integraram a chapa vitoriosa e ajudaram Marchezan a se eleger.