Sem pesquisas confiáveis para balizar previsões eleitorais para 2020, restam os fatos para embasar a análise do cenário eleitoral em Porto Alegre. Os fatos indicam que o prefeito Nelson Marchezan (PSDB) é um candidato competitivo, apesar do desgaste que sofreu nos dois primeiros anos de governo. Não significa que terá reeleição fácil, mas o vento começou a mudar a seu favor desde que trocou a tática do conflito pela negociação e conseguiu aprovar projetos capazes de promover mudanças na estrutura de receita e despesa.
Marchezan já passou da fase de tergiversar sobre a candidatura. Será candidato se estiver bem, para dar continuidade ao projeto que lhe fez suar sangue nos dois primeiros anos de governo. Será candidato se estiver mal, para defender seu legado. Os fatos indicam que, a despeito dos problemas da cidade, especialmente na área de pavimentação e limpeza urbana, o tucano terá o que mostrar na campanha de 2020.
O prefeito é pessimista. Diz que não pode ignorar o desgaste com os funcionários públicos, pelos projetos que cortaram benefícios, nem com a classe média, que vai pagar mais IPTU com a correção da planta. Só que, graças a esses projetos, o próximo prefeito (ou ele mesmo, se reeleito) começará a governar em 2021 com as contas no azul e com perspectivas de investimentos.
Na periferia, o grande trunfo do prefeito será a qualificação dos serviços de saúde oferecidos aos usuários do SUS. Além de ampliar o horário de funcionamento nas Unidades Básicas de Saúde, promessa da campanha de 2016, a prefeitura terá outros dados para mostrar, começando pela ampliação do número de leitos e pelas parcerias com hospitais de alto nível, como Santa Casa, Moinhos de Vento e Mãe de Deus.
Na área central, a laranja de amostra será a orla do Guaíba. Embora tenha sido um crítico do antecessor, José Fortunati, pelo alto valor investido no trecho 1, o prefeito reconhece que a obra mudou a cara da cidade. O trecho 3 (da foz do Arroio Dilúvio até o início do Parque Gigante) está em fase de licitação. O dois (da Rótula das Cuias até o Dilúvio) será concedido à iniciativa privada, da mesma forma que o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
A parceira público privada (PPP) da iluminação pública e os investimentos em segurança, com o cercamento eletrônico da cidade, completam a lista de ativos que o prefeito terá na disputa pela reeleição. A oposição ainda não mostrou as cartas, mas vai para a campanha com a obrigação de convencer o eleitor de que pode fazer mais.