Eduardo Leite completa terça-feira (19) 50 dias de governo. Carismático e eloquente, o governador conquista os interlocutores com facilidade, de empresários a sindicalistas. Até a oposição simpatiza com ele. Sua gestão, porém, ainda não tem uma marca, tampouco alguma ação concreta. A privatização de estatais, única medida enviada à Assembleia, é pauta do governo anterior.
Leite escolheu técnicos conceituados para a Fazenda e o Planejamento, mas não há mágica que faça a despesa encaixar na receita. Para quem dizia que José Ivo Sartori era refém da agenda fiscal, nem mesmo a prometida previsibilidade aos servidores o tucano conseguiu assegurar, fixando um calendário de quitação dos salários. Pelo jeito, não era tão simples gerenciar melhor o fluxo de caixa, como sugeria na campanha eleitoral.
Na área social, Leite prometia um dream team. Acabou acomodando um suplente de deputado na Educação, buscou uma solução caseira para a Saúde e improvisou o vice-governador nas duas pastas ligadas à Segurança. Há escassez de boas notícias nas três secretarias.
As escolas retomam as aulas quarta-feira com promessa de pagamento dos repasses até o fim do mês. Para a dívida com os hospitais, não houve aceno, a não ser de empréstimo a juros camaradas. Já na Segurança, estuda-se fechar as delegacias que têm apenas um agente. O governador demonstrou desenvoltura para colher uvas e maçãs no sábado (16) nos Campos de Cima da Serra (foto), mas falta agilidade para descascar o abacaxi das finanças.