Sufocados por um rombo de R$ 245 milhões em suas contas, devido à falta de repasses do governo do Estado, hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul recorrerão a empréstimo, que soma R$ 90 milhões, para não colapsar o atendimento a pacientes. O Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos (Funafir), linha de crédito anunciada nesta sexta-feira (15) pelo Palácio Piratini a ser paga pelas próprias entidades, foi a solução urgente encontrada para a manutenção dos trabalhos em 112 santas casas gaúchas.
– Não é a solução, mas é a alternativa que temos neste momento e neste contexto – destacou o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos, André Legemann.
Embora os R$ 90 milhões afrouxem a corda de seus pescoços, as santas casas estão preocupadas com os R$ 245 milhões que o governo tem a quitar.
– O que mais nos angustia é em relação as competências em aberto de 2018. Esperávamos ter hoje (sexta-feira) posição oficial sobre essas parcelas – disse Legemann.
Por enquanto, não há previsão de pagamento do que está em aberto, nem o valor ordinário de janeiro e fevereiro. O que foi garantido pela secretária da Saúde, Arita Bergmann, é que os repasses serão pagos regularmente a partir de abril, em relação aos atendimentos de março.
Para atender seus pacientes, os hospitais contam também com dinheiro das prefeituras e do Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal. Essas partes estão em dia graças a um esforço dos prefeitos em realocar seus orçamentos para o setor.
Para as 497 prefeituras gaúchas, o Piratini deve R$ 650 milhões. Sem esses repasses, as cidades acabam tirando do próprio bolso para cobrir o furo deixado pelo Estado. Não há previsão de quitação dessa dívida, que engloba depósitos não realizados durante o governo Sartori e no mês de janeiro.
O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Antônio Cettolin, espera uma posição do governador Eduardo Leite e da secretária Arita durante a Assembleia de Verão da entidade, em Torres, nos dias 20 e 21. A pretensão da Famurs é de que o Piratini elabore calendário para os repasses a saúde.