Com obras escassas, salários pagos com atraso e poucas realizações a mostrar em saúde e educação, o governador José Ivo Sartori vai apostar na segurança pública como laranja de amostra de sua gestão para tentar buscar o segundo mandato. Não que os números sejam extraordinários, mas as estatísticas mostram que, apesar das chacinas, houve redução nos principais crimes, especialmente aqueles que mais preocupam os gaúchos, como o latrocínio.
A segurança foi a área que mais recebeu investimentos, com nomeação de servidores e compra de armas e viaturas. A renovação do convênio com o governo federal, para permanência da Força Nacional no Estado por mais seis meses, confirmada nesta segunda-feira (23) à jornalista Silvana Pires pelo ministro Raul Jungmann, é a segunda vitória do governo no mês de julho. A outra foi garantir, na Justiça, a manutenção dos líderes de facção transferidos no ano passado para prisões de segurança máxima.
A virada de chave começou com a substituição do secretário Wantuir Jacini por Cezar Schirmer, em setembro de 2016. Amigo de Sartori e companheiro do velho MDB, Schirmer renunciou à prefeitura de Santa Maria quatro meses antes do término do mandato para assumir a Segurança em meio a uma crise que corroía o governo por dentro. Sartori desafiou os críticos da indicação e deu ao amigo o poder que Jacini nunca teve para pressionar a Secretaria da Fazenda a liberar recursos.
Com assento na coordenação de governo, Schirmer passou a fazer o que seu antecessor dizia ser impossível, a começar pela nomeação de servidores. Os reajustes aprovados no governo de Tarso Genro para pagamento parcelado até novembro deste ano garantiram uma gestão sem conflitos com os diferentes sindicatos, privilégio que outros secretários não tiveram.
Com a habilidade política exercitada em mais de 40 anos de vida pública, o emedebista conseguiu doações de empresários para equipar a Brigada Militar e a Polícia Civil e convenceu o governador a atender à demanda do Instituto Cultural Floresta de propor uma Lei de Incentivo à Segurança. O projeto não saiu exatamente como os empresários queriam, mas está na Assembleia para ser votado depois do recesso.