A rejeição do projeto que permitiria a realização do plebiscito sobre a venda de estatais em outubro confirmou que o tamanho do Estado será um dos eixos do debate na campanha eleitoral para o Piratini. Nas redes sociais, aliados do governador José Ivo Sartori (MDB) deixaram claro que a derrota será usada como discurso de campanha para a reeleição. Com poucos resultados a apresentar, Sartori fará do plebiscito recusado seu cavalo de batalha para justificar as dificuldades do governo e para fustigar os adversários.
O tom empregado nas redes sociais pelos líderes do MDB também mostrou que, desta vez, a maior preocupação não é com o PT, que chegou ao segundo turno em todas as disputas de 1994 para cá, exceto a de 2010, quando Tarso Genro se elegeu no primeiro.
Com o PT enfraquecido pela Lava-Jato, a maior preocupação de Sartori é com o tucano Eduardo Leite, que disputa a mesma fatia do eleitorado e fechou uma aliança com o PTB, frustrando a expectativa do Piratini de que ficaria isolado.
O resultado da votação está sendo debitado na conta de Leite, já que os votos decisivos foram dados pelos deputados do PSDB e do PTB. Os termos usados são típicos da campanha eleitoral, como “velha política”, para desqualificar o caráter de novidade da candidatura do ex-prefeito de Pelotas. Secretários do governo e deputados do MDB sustentam que o povo foi impedido de opinar e que a atitude dos parlamentes contrários à consulta é antidemocrática.
Acusado de incoerente, o tucano, que se declara favorável às privatizações, gravou um vídeo explicando seus motivos para ser contra o plebiscito agora.
Os candidatos Miguel Rossetto (PT) e Jairo Jorge (PDT) foram deixados de lado pelos aliados de Sartori, apesar de seus partidos terem votado fechados contra o plebiscito. PT e PDT são contra a venda das três estatais que Sartori quer privatizar, mas deverão estender o debate para o Banrisul.
Até agora, o único pré-candidato que defende as privatizações sem ressalvas é Mateus Bandeira (Novo), que também usa a expressão “velha política” para qualificar os deputados que votaram contra o plebiscito e os concorrentes contrários à redução do tamanho do Estado.
Aliás
A maior saia justa para os candidatos a governador será a discussão sobre a renovação do aumento do ICMS, que precisa ser aprovada neste ano para vigorar em 2019.