Uma semana depois da prisão do ex-presidente Lula, os militantes seguem mobilizados em um protesto fadado ao fracasso, porque o Judiciário não se move por passeatas e acampamentos, mas a esperada corrente de solidariedade internacional ficou restrita aos amigos de sempre: Nicolás Maduro (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Cristina Kirchner (Argentina), Pepe Mujica (Uruguai), Rafael Corrêa (Equador) e outros menos votados.
Estudantes fizeram protestos em capitais da Europa e da América Latina, advogados continuaram denunciando o que chamam de “lawfare”, a foto de Lula carregado nos braços dos militantes correu o mundo, mas nada de mais relevante aconteceu nestes primeiros sete dias de cárcere do ex-presidente mais popular da história recente do Brasil. A medida cautelar apresentada pelo PT ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, pedindo que o governo brasileiro impedisse a prisão de Lula até o julgamento de todos os recursos, caiu no vazio porque não parava em pé.
A tese de que Lula é um “preso político”, difundida por líderes do PT e de seus satélites como o PC do B não vingou. Por uma razão elementar: Lula não é um preso político. Pode-se gostar ou não do sistema judicial brasileiro, concordar ou não com a sentença do juiz Sergio Moro e com o aumento da pena determinado pelos três desembargadores da 8ª turma do TRF4, mas nada foi feito fora do regramento que até então ninguém contestava, incluindo a prisão após condenação em segunda instância.
É fato que sobram exemplos de benevolência com outros líderes, mas o que se deve cobrar é rigor no combate à corrupção em todos os partidos e não o afrouxamento porque Lula é mais popular do que seus adversários. Reclama-se da rapidez da Justiça, quando o problema histórico é a lentidão que assegura impunidade, como se viu no caso de Paulo Maluf.
Lula só chegou à prisão porque o PT não aprendeu nada com o mensalão. Se tivesse usado seu enorme patrimônio político para estancar a corrupção que denunciava nos palanques, teria entrado para a História sem passar pela cadeia. Mas, em vez de mudar a regra de um jogo que considerava sujo, o PT aceitou o vale tudo dos financiamentos de campanha em nome de um projeto de poder.