Foi tranquila a primeira noite do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão. Tão logo desembarcou do helicóptero da Polícia Federal (PF), que o transportou do aeroporto Afonso Pena até a sede da corporação, Lula pode conversar com integrantes da sua equipe de defesa.
Os advogados Cristiano Zanin Martins e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas foram autorizados a manter uma reunião com Lula. Em geral, a PF não autoriza a visita de advogados aos finais de semana, mas o superintendente de Curitiba, Mauricio Valeixo, atendeu a um pedido do juiz Sergio Moro para que fosse permitida a entrada dos defensores do petista.
Ainda na noite de sábado (7), Valeixo também recebeu no prédio a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR) e o presidente do PT local, o ex-deputado Dr. Rosinha. Valeixo informou aos parlamentares que Lula estava bem e tranquilo, mas não permitiu que eles se reunissem com o ex-presidente. Pelas regras da carceragem da PF, apenas familiares em primeiro grau dos presos podem fazer visitas.
Refeições
Na manhã deste domingo, o petista recebeu o mesmo desjejum dos demais 19 presos custodiados no local: café com leite e pão com manteiga. Por volta das 11h, chegou o almoço, uma marmita com arroz, feijão, uma porção de carne e salada.
Rotina
Lula está detido em uma sala de 15 metros quadrados no último andar da superintendência. A porta não tem grades, mas permanece fechada. Do lado de fora, uma equipe faz a vigilância 24 horas por dia. São dois a três agentes se revezando na guarnição ao ex-presidente. Ele foi orientado a bater na porta caso precise de algo, mas até agora (13h de domingo) não havia feito nenhuma solicitação. Desde que chegou à PF, Lula se mantém calado, sem trocar palavras com os policiais.
- Por enquanto, está tudo tranquilo – diz um dos agentes envolvidos na operação.
Protestos
Do lado de fora, a preocupação das forças de segurança é com o acampamento “Lula Livre”, organizado pela CUT e pelo Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A pedido da prefeitura de Curitiba e da própria PF, a justiça estadual concedeu uma liminar estipulando um interdito proibitório no entorno da PF. A Polícia Militar já congelou a área, mas os sem-terra ocupam as calçadas na região limítrofe ao isolamento.
Eles montaram barracas e uma cozinha de campanha no local, avisando que o acampamento é por tempo indeterminado. Pelo menos 40 caravanas do interior do Paraná também estariam se deslocando para a região.
- Temos condições de resistir até a vitória final – diz o coordenador do MST, Roberto Baggio.
A PM já organiza uma operação para esta segunda-feira (9), primeiro dia útil com a presença de Lula na superintendência. O objetivo é garantir o pleno funcionamento da instituição, uma vez que há agendamentos para confecção de passaporte e depoimentos marcados. A PM irá manter o bloqueio em pelo menos um quarteirão ao redor do prédio e negocia com a PF para ter a presença de um servidor em um único ponto de acesso. A ideia é que este servidor seja encarregado de verificar se as pessoas que tentarem passar pelo local realmente têm algum compromisso na sede da PF.
- Nossa preocupação é manter a integridade física de todo mundo, seja contra ou a favor de Lula, garantir o pleno funcionamento da PF e a tranquilidade dos moradores da região – disse o comandante do Batalhão de Trânsito da PM, coronel Naassio Polak.