Javier Milei, candidato da coalizão La Libertad Avança, que venceu as primárias argentinas (Paso), esteve em Porto Alegre, participando como palestrante da edição do ano passado do Fórum da Liberdade, organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE).
No painel "A América Latina tem salvação?", o deputado e hoje candidato à presidência autoproclamando-se "anarcoliberal" defendeu alternativas para tirar a região do subdesenvolvimento e reduzir o poder do que chamou "líderes populistas" de esquerda.
- Em geral, quando os populistas chegam ao poder, aumentam os gastos públicos. A partir desta situação, num primeiro momento, há um ciclo de demanda, mas não se geram aumentos de salário real, se geram ciclos de raiz eleitoral. Uma vez que passaram todos os estímulos de demanda, há muito pouco impacto em empregos reais e ganhos reais, a inflação se acelera e começam a aparecer os problemas. Se deterioram as contas externas, os populistas acionam mais controle, e a economia passa a funcionar muito pior - disse Milei, em 11 de abril.
Formado em Economia pela Universidade de Belgrano, com pós-graduação em Teoria Econômica no Instituto del Desarrollo Económico y Social e pós-graduação em Economia na Universidade Torcuato Di Tella, Milei salientou que 15 entre 17 crises econômicas na história recente da Argentina tiveram origem em fortes desequilíbrios fiscais. No Centro de Eventos da PUCRS, ele afirmou:
- Felizmente, graças a Deus, todos somos distintos. E isso não só faz com que no mercado exista um lugar para todos, mas também nos permite nos especializarmos, permite a divisão do trabalho, o aumento da produtividade. E, além disso, como disse Friedman, eu poderia estar odiando a outra pessoa, mas, se eu não lhe vendo o meu bem, eu quebro.
Na avaliação de Milei, para garantir a liberdade, é preciso travar uma batalha política e de imagem contra o socialismo, que tem uma vantagem histórica em termos de percepção e de apropriação da cultura. Para o ex-deputado, líderes socialistas tentam basear sua popularidade em “uma questão de índole moral, num suposto altruísmo”, enquanto o capitalismo tem um histórico de resultados mais eficientes para geração de riqueza e qualidade de vida.
- Agora, para que possamos realmente fazer algo para salvar a América Latina do desastre socialista populista no qual o continente se afundou, a primeira coisa que temos de entender é que a única maneira de podermos reverter essa situação é se reconhecermos que perdemos a batalha cultural contra o socialismo. E perdemos, simplesmente, porque não travamos a batalha - disse.
Ovacionado pela plateia, Milei encerrou seu discurso de forma entusiasmada, com uma frase de efeito que arrancou aplausos efusivos.
- Viva la libertad, carajo - declarou.
O mediador do painel foi Fernando Ulrich, sócio da Liberta Investimentos.