Há um ponto de interesse com o Rio Grande do Sul na primeira viagem internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embarca no domingo (22) para a Argentina, onde deve se encontrar com o presidente Alberto Fernández.
As conversas iniciadas em Brasília, durante a posse, levam a crer que a parceria ideológica se converterá em acordo energético entre os dois governos, a ser assinado no dia 23.
A perspectiva é de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie um trecho de quase 500 quilômetros de gasoduto entre a região de Vaca Muerta, na Patagônia, e a província de Santa Fé. O valor não está confirmado, mas desde antes da posse, conforme anunciado pela secretária de Energia da Argentina, Flavia Royón, seria de US$ 689 milhões (R$ 3,6 bi). Em dezembro, o BNDES, ainda sob o comando do governo de Jair Bolsonaro, emitiu nota dizendo que não havia essa liberação. Mas não desmentia as consultas.
A Argentina tem em Vaca Muerta importante reservatório de gás. Mas busca mercado para esse produto há mais de 20 anos. Caso seja concluído o trecho da nova estrutura ela se conectaria a outros gasodutos, permitindo que o produto chegasse ao Rio Grande do Sul via Uruguaiana. Nos cálculos de Lula e Fernández, os brasileiros precisam de gás, e os argentinos, de mercados e investimentos.
Na avaliação de Federico Servideo, presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira (Camarbra), o gás é o melhor elemento para fazer a transição energética para uma energia limpa.
— Com isso, a gente aumenta as exportações argentinas, aumenta o fluxo de dólares que entra e, principalmente, além de favorecer o mercado brasileiro, favorece o próprio mercado argentino — pondera.
A ideia se filia a outro antigo projeto já discutido pelo governador Eduardo Leite: a construção do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, já foi projetado pela Transportadora Sulbrasileira de Gás (TBS). Com 594 quilômetros de extensão, ele fecharia o anel do Cone Sul. O projeto seria justamente o ponto de interligação da produção de gás da Argentina com o mercado brasileiro.