Está chegando a hora da verdade, o momento em que o governo Lula passará pelo seu primeiro grande teste no Congresso e no tribunal da opinião pública. O presidente disse que irá decidir sobre a nova regra fiscal antes de viajar à China. Sua chegada a Pequim está prevista para 26 de março (domingo). Isso significa que ele deve partir de Brasília, no mínimo, no dia 24, sexta-feira, já que o Airbus presidencial A-320 ou A330, usado na viagem aos EUA, deve fazer escala de reabastecimento, provavelmente na África. Isso significa que, até quinta-feira, 23, o país conhecerá, em boa parte, o projeto que substituir o teto de gastos públicos instituído no governo Michel Temer.
Ainda que o projeto da nova regra seja julgado por economistas, empresários, setor econômico, imprensa antes de ser levado ao Congresso será lá seu grande teste. E a verdade é que a base de apoio ao governo ainda não foi posta à prova - a aprovação da PEC da Transição, em dezembro, se deu com um parlamento praticamente 50% diferente do atual.
Agora, o debate vai ocorrer em um momento em que aflora a dura realidade parlamentar que saiu das urnas. Costuras para a montagem dos 37 ministérios foram feitas, Lula precisou engolir a manutenção de ministros inconvenientes em troca de apoio nos primeiros cem dias de mandato e cargos de segundo e terceiro escalões ainda estão em jogo, mas a realidade é que o Planalto não consegue, nesse momento, mensurar o número de votos que têm no Congresso.
Essa preocupação veio depois daquele alerta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que o governo não tem apoio suficiente para aprovar projetos mais complexos, como a reforma tributária e a própria âncora fiscal. Pode-se criticar Lira de muita coisa, menos de que não esteja sendo sincero - ainda que tenha seus próprios interesses.