A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul realizou entrevista coletiva nesta sexta-feira (10) sobre a investigação da morte de três pessoas após o consumo de um bolo de Natal em Torres, no Litoral Norte, em dezembro do ano passado.
No começo da coletiva, o delegado Cleber Lima, diretor do Departamento de Polícia do Interior, falou sobre as investigações envolvendo Deisi Moura dos Anjos, presa temporariamente por suspeita de ser a autora dos envenenamentos.
— As provas colhidas até o momento nos convencem de que a suspeita, Deise (Moura dos Anjos), passou a ser considerada autora desses crimes e, provavelmente, não sairá da cadeia nesta vida — disse o subchefe de Polícia, delegado Heraldo Chaves Guerreiro.
A delegada Sabrina Deffente completou:
— Há fortes indícios de que ela tenha praticado outros envenenamentos em pessoas próximas da família, os quais serão objeto de investigação a partir de agora. Ela pesquisou sobre venenos, incluindo uma receita de veneno sem cheiro e sem gosto. A partir desta combinação de elementos, começou a tentar envenenar familiares.
Mais cedo, Zero Hora divulgou que Paulo Luiz dos Anjos, sogro da suspeita, também ingeriu arsênio antes de morrer. A informação consta em exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP) feitos depois de o corpo dele ter sido exumado, na quarta-feira (8).
Contraponto
A defesa de Deise afirma que "as declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso", portanto "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".
Nota da defesa na íntegra
O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.
Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.
A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.
Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito.
Relembre o caso
Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico no último dia 23 de dezembro, após consumirem um bolo que continha arsênio, conforme análise da perícia do IGP. O doce foi feito por Zeli dos Anjos.
Três delas morreram: duas irmãs de Zeli, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.
Zeli, responsável por fazer o bolo, ficou hospitalizada e recebeu alta nesta sexta. Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado, mas já está em casa. Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.