O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reconduzido ao posto de presidente do Senado nesta quarta-feira (1º) com oito votos a mais do que o necessário para conquistar a maioria da Casa. Minutos antes de a votação começar no plenário da Câmara Alta do parlamento brasileiro, fontes ligadas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva apostavam que o mineiro obteria 50 votos. Erraram por um, mas acertaram na essência - Pacheco, que defende as boas relações entre os poderes da República, por mais que se tenha divergências de ideias, venceu. E venceu bem.
Seu adversário, o senador e ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), que nas últimas horas moderou o discurso, ressaltando a necessidade de unir o país em torno da democracia, conquistou 32 votos - bem mais do que os 23, em um cálculo racional, a se colocar na ponta do lápis o número de senadores de PP, PL e Republicanos, legendas que o apoiavam. Mas bem menos do que os mais de 40 apregoados por aliados, com muito barulho e pouco lastro na realidade.
O discurso de vitória de Pacheco foi um ode à democracia e à pacificação do país.
- Pacificação não significa se calar diante de atos antidemocráticos - ressaltou. - Pacificação significa abandonar o discurso do nós contra eles. O Brasil é imenso e diverso. Mas é um só.
Pacheco também prometeu ser colaborativo com Lula e ministros para viabilizar "medidas que permitam a volta ao crescimento, estabelecer pontes e ajudar a construir soluções".
Se a disputa no Senado era encarada como o terceiro turno da eleição, o bolsonarismo perdeu de novo. Ao grupo que via na eleição da Mesa o último suspiro do ex-presidente em um 2022 alongado, na defesa de pautas como o impeachment de ministro do Supremo, caberá se reorganizar para fazer oposição no Congresso "dentro das quatro linhas". Ao governo, que terá, com a eleição de Pacheco, caminho aberto para seus projetos, urge honrar a promessa do diálogo e não o discurso do confronto.