A novela das festinhas em Downing Street não termina, e o futuro político do primeiro-ministro Boris Jonhson fica, a cada dia, mais complicado.
Agora, não basta ele ter participado de pelo menos um evento comemorativo no auge da pandemia no Reino Unido, quando estavam em vigor rígidas medidas de restrição de circulação - motivo suficiente para uma possível queda do governo.
O inferno astral de Jonhson piorou de quinta (13) para esta sexta-feira (14) porque veio a público por meio do jornal The Daily Telegraph (conservador, defensor do Brexit e muito alinhado a Johnson) a informação sobre mais duas festinhas na residência oficial e sede do governo. E o agravante: envolve a rainha Elizabeth II, uma instituição nacional.
Os eventos ocorreram na noite de 16 de abril de 2021. Era véspera do funeral do príncipe Philip, marido de Elizabeth II.
O país estava em luto oficial, enquanto os principais assessores de Johnson bebiam vinho e comiam queijo para celebrar a saída de dois colegas, o chefe da Comunicação, James Slack, atual vice-diretor do The Sun, e um fotógrafo do primeiro-ministro. Johnson, desta vez, não participou das festas porque estava na residência de campo.
Uma delas começou no sótão de Downing Street e acabou nos jardins da residência, onde ocorria a outra. Há ainda elementos folclóricos: em um determinado momento, faltou vinho, e assessores foram buscar as bebidas em um estabelecimento próximo. Teriam entrado com os vinhos dentro de malas.
A informação sobre as aglomerações pegaram muito mal - não apenas pelo desrespeito à rainha, mas porque contrastam radicalmente com as cenas de Elizabeth II, vestindo preto, solitária nos bancos da Capela de Windsor no dia seguinte, durante o funeral. Ela estava sozinha em respeito às regras de distanciamento social, que o governo de seu primeiro-ministro não respeitou. Aliás, as festas em Downing Street foram até alta madrugada do dia do funeral. Enquanto isso, o governo chegou a pedir que a população não levasse flores ao Palácio de Buckingham ou a Windsor em homenagem à famílias real para evitar aglomerações.
Nesta sexta-feira-feira (14), o governo pediu desculpas oficiais ao Palácio de Buckingham. Mas a oposição trabalhista e alguns membros do próprio Partido Conservador engrossaram a voz e exigem a renúncia de Johnson.