O pronunciamento da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) segundo a qual a possível formação de coágulos sanguíneos são "um efeito colateral muito raro" da vacina de Oxford/AstraZeneca deve contribuir para acelerar a campanha de imunização na União Europeia (UE), que está muito lenta. Nesta quarta-feira (6), o órgão regulador anunciou, após investigar 86 casos, que os benefícios da vacina superam o risco. A suspeita, no mês passado, levou pelo menos 12 países do bloco a suspender temporariamente a aplicação de doses do produto.
Segundo a EMA não houve relação causal definida entre a administração da vacina e as a formação dos coágulos. Embora a maioria dos casos tenha ocorrido em mulheres com menos de 60 anos, também há registro em homens. A UE vacinou mais de 20 milhões de pessoas.
A confirmação da segurança do produto é um alívio não apenas ao mundo (é um dos produtos no mercado adotados em maior quantidade pela maioria das nações), mas poderá fazer avançar a campanha de imunização na União Europeia (UE), que, até agora, patina. Nenhum país do bloco aplica individualmente mais do que 20 doses por cem habitantes, segundo o ranking da Universidade de Oxford.
Há problemas contratuais, negociações que atrasaram e compras tardias que explicam a lentidão do bloco, que, além do produto da AstraZeneca, utiliza os imunizantes da Pfizer/BioNtech e Moderna. Um claro exemplo é a rusga entre a UE e a empresa fabricante do imunizante, que não conseguiu cumprir a promessa de entrega 180 milhões de doses previstas em contrato. Encaminhará menos da metade até o fim do ano. A companhia argumenta dificuldade fabril para produzir as vacinas e garante que, no contrato, não havia uma obrigação em entregar o prometido, mas apenas uma intenção.
O fato é que todos esses elementos levam hoje a UE a ficar para trás na vacinação em comparação com seus vizinhos ricos, como o Reino Unido, que se separou do bloco no ano passado, no Brexit, e os Estados Unidos, que avançaram muito desde a posse de Joe Biden, em janeiro.
Mas há um elemento fundamental para essa lentidão - e que foi dirimido nesta quarta-feira (7): a desconfiança da população.
O temor de efeitos colaterais tem levado vários cidadãos europeus a cancelar agendamentos e a preferir os produtos da Pfizer e Moderna, mesmo que, para essas aplicações, seja necessário esperar por mais tempo.
Dos 12 países do bloco que suspenderam a vacinação com a Oxford/AstraZeneca, apenas Finlândia e Dinamarca decidiram prorrogar a interrupção. Os demais retomaram o uso, depois que a agência garantiu que ela é "segura e eficaz".