Eis aí um dado que precisa ser colocado em perspectiva. O Brasil registra, finalmente, 10,33 doses de vacina contra a covid-19 por cem habitantes. Superamos, a muito custo, as 10 doses.
Tenho acompanhado o mapa da Universidade de Oxford desde o início.
Começamos a vacinação em 19 de janeiro. Vários países do mundo começaram depois do Brasil - e estão muito melhores, e eu estou falando proporcionalmente ao tamanho da população.
É o caso do Uruguai, por exemplo, que começou muito depois dos vizinhos, em 27 de fevereiro, mais de um mês depois do Brasil - e registra 23,71 doses para cem habitantes. O Chile começou antes, é o grande exemplo latino-americano, aplicou até agora 57,86 doses para cem habitantes. Excetuando esses três, vem a Argentina, com 9,43 doses para cem habitantes.
O restante da América Latina vai muito mal na corrida pela vacina. Nenhum país passa de 10 doses para cem habitantes.
Mesmo na comparação com a Europa, que nos primeiros quatro meses do ano patinou nas negociações com laboratórios, estamos atrás. Todos os países da União Europeia superaram as 15 doses por cem habitantes. Tanto que alguns deles, combinadas as taxas de vacinação com a curva descendente de contágios, já flexibilizam as medidas de restrição.
É o caso de Portugal (vacinação a 18,71 doses para cem habitantes), que na segunda-feira (5) reabriu museus, escolas e restaurantes ao ar livre após dois meses de lockdown. O Reino Unido é ponto fora da curva, com 54,52 doses por cem habitantes. O país também flexibilizou o lockdown.
Os EUA são o país com mais doses aplicadas no mundo (167 milhões) à frente da China, 142 milhões e Índia, 83 milhões. O país é responsável por quase 25% de todas as vacinas aplicadas no planeta, segundo o Our World in Data. Terceiro país mais populoso do mundo, os EUA já aplicaram 49,99 doses a cada cem habitantes. Para dar aquela pontinha de inveja, o Estado de Nova York entrou nesta terça-feira (6) em uma nova fase da vacinação contra a covid-19 e começou a aplicar doses em jovens entre 16 e 29 anos. E aí a amostra da diferença que faz a gestão, a tomada de decisão política: o país aumentou muito a vacinação desde que Donald Trump deixou a presidencia e Joe Biden assumiu. O governo americano dobrou a meta e prometeu 200 milhões de doses aplicadas em cem dias.