Antes distante, a possibilidade de Donald Trump sofrer um impeachment depois que o processo passou pela Câmara dos Deputados ganhou corpo devido ao elevado número de deputados de seu partido que o traíram, votando pela interrupção do mandato. Em 2019, quando o processo passou na Casa, nenhum congressista havia cerrado fileira ao lado dos democratas. Desta vez, 10 desobedeceram à orientação do Partido Republicano e escolheram o impeachment, como forma de punir Trump por "incitação à insurreição", termo que consta no processo aberto no Congresso.
Para passar pelo Senado, o impeachment deve ser aprovado por dois terços da Casa. Isso significa que a oposição precisa arregimentar 17 votos entre os adversários. Para quem conseguiu 10, não chega a ser absurdo. No ano passado, quando a Casa barrou o primeiro impeachment, apenas um senador do partido, Mitt Romney, ex-candidato à presidência, em 2012, votou a favor da condenação. Desta vez, há várias vozes contra o presidente na Câmara Alta do parlamento. Lisa Murkowski e Pat Toomey também disseram que Trump deve renunciar. Alguns veículos de comunicação americanos afirmam que os senadores Suan Collins e Ben Sasse também poderiam votar contra o presidente. Nessa conta rápida, somamos pelo menos cinco. Faltariam 12.
O fiel da balança será o poderoso líder da maioria, Mitch McConnell, que conseguiu barrar a primeira tentativa de impeachment. Fiel escudeiro de Trump, McConnell tem sinalizado rompimento com o presidente: à imprensa americana teria dito acreditar que Trump cometeu infrações dignas de impeachment e que está satisfeito com os procedimentos adotados pelos democratas. Embora tenha descartado convocar uma sessão extraordinária para analisar o processo - os senadores estão fora de Washington e só retornariam na terça-feira (19), para a posse de Joe Biden no dia seguinte - McConnell disse que ainda não decidiu como votaria.
- Embora a imprensa esteja cheia de especulações, não tomei uma decisão final sobre como irei votar e pretendo ouvir os argumentos jurídicos quando forem apresentados ao Senado - afirmou.
Não precisava dizer isso. Poderia ter silenciado. Ao afirmar, alimenta a hipótese de que o jogo pode mudar.
E se Trump sofrer o impeachment no Senado, o que ocorreria? Quem assumiria o comando da nação seria o vice-presidente Mike Pence, que entregaria o cargo a Biden na quarta-feira, 20.
Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, nunca um processo de impeachment levou à queda do presidente. Antes de Trump, Andrew Johnson (1868) e Bill Clinton (1998) foram alvo de impeachment, mas foram inocentados no Senado. Richard Nixon também enfrenou processo, mas renunciou antes da votação na Câmara, em 1974