A Argentina lidera na América do Sul a corrida pela vacinação da população contra a covid-19, conforme o monitor da Universidade de Oxford.
Para comparar diferentes tamanhos de populações, o estudo permite visualizar os dados com base no número de doses aplicadas por grupos de 100 pessoas.
Conforme as estatísticas atualizadas diariamente, o país vizinho aplicou até agora 0,7 dose por 100 habitantes. O governo do presidente Alberto Fernández aposta na vacina russa, Sputnik V, mas tem acordos com outros laboratórios. O país começou a imunização em 29 de dezembro.
Já o Chile, primeiro país da região a iniciar o processo de imunização da população, com o produto da americana Pfizer/BioNTech, em 24 de dezembro, administrou até agora 0,3 dose por 100 habitantes - mesmo percentual do Brasil, que iniciou a campanha em 18 de janeiro.
Os outros vizinhos do Brasil no Cone Sul, Uruguai e Paraguai, não começaram a vacinação.
Um olhar geral sobre o monitor mostra que a imunização avança lentamente na região. Além de Argentina, Chile e Brasil, apenas o Equador iniciou vacinação na América do Sul. Já na América Central, Panamá, Costa Rica e México estão vacinando. Esses dois últimos estão à frente naquela região: Costa Rica com 0,6 dose por 100 habitantes e México com 0,5 por 100.
Alguns países optaram por iniciar a vacinação mais cedo, ainda que com uma quantidade limitada de doses. O Chile, por exemplo, começou na véspera do Natal, quando aterrissaram as primeiras 10 mil doses da Pfizer. Mas tem enfrentado dificuldades na logística de distribuição das doses.
O Brasil chegou a anunciar negociação de 70 milhões de doses com a farmacêutica americana, mas ainda não fechou o contrato. O país aposta em dois produtos - a vacina de Oxford/AstraZeneca e a chinesa CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Para produzir mais, o Brasil depende de liberação de matéria-prima (o chamado Insumo Farmacêutico Ativo, IFA) pela China. Sob pressão, o governo brasileiro importou 2 milhões de doses prontas da Índia, carregamento que só foi liberado pelo governo do país na quinta-feira (21), após uma semana de atraso.
Embora a Argentina tenha uma fábrica capaz de produzir IFA para a vacina de Oxford/AstraZeneca, a decisão do laboratório foi de que os insumos para fabricação do produto pela Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz) devem vir da China, onde a capacidade de produção é muito maior - e não do país vizinho. A capacidade máxima de produção de IFA da fábrica da AstraZeneca da Argentina é de 100 milhões de doses - o que permite abastecer todos os países da América Latina, menos o Brasil. Por isso, a empresa decidiu concentrar a distribuição dos insumos para o Brasil na fábrica chinesa, deixando o complexo argentino para abastecer os demais vizinhos (já enviou, por exemplo, IFA para o México).
Em nível mundial, Israel continua liderando a corrida pela vacinação, tendo administrado até agora 41,8 doses por 100 habitantes. Emirados Árabes Unidos vêm em segundo lugar, com 25 doses por 100 pessoas.