O Pentágono divulgou um vídeo, gravado por drone, que mostra mais detalhes sobre a operação de forças especiais que culminou na morte do terrorista Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do grupo Estado Islâmico.
As imagens começam com uma série de explosões nos arredores do complexo onde o extremista estaria, na região de Idilib. As explosões atingem um grupo de pessoas, provavelmente jihadistas. Em seguida, nove militares de comandos americanos aparecem próximo ao muro do complexo em posição de ataque. Após longos minutos de pausa em que a imagem fica congelada, uma explosão destrói o esconderijo de al-Baghdadi.
A morte de Al-Baghdadi é a vitória militar do governo de Donald Trump até agora e terá impacto favorável na campanha pela reeleição – a boa notícia para o governo ameniza o impacto da onda negativa enfrentada pelo republicano com o processo de impeachment.
No entanto, há ainda mais perguntas do que respostas sobre os detalhes da operação. Como na ação que levou à morte de Osama bin Laden, durante o governo Barack Obama, talvez nunca conheçamos detalhes — os livros lançados até agora não dão conta de como foi a tomada de decisão e os interesses em jogo.
No discurso em que anunciou a morte do terrorista, Trump afirmou que a operação vinha sendo preparada havia duas semanas. O presidente explicou que os americanos contaram com a ajuda de "algumas pessoas brilhantes". Tudo indica que um espião curdo fora infiltrado no círculo de Al-Baghdadi pelas Forças Democráticas Sírias (FDS) – milícia que luta, há anos, contra jihadistas no território e é composta por curdos e sírios, ao lado dos americanos. Esse homem infiltrado teria conseguido roubar uma roupa íntima do terrorista, que permitiu a identificação por DNA. Al-Baghdadi estava mesmo no complexo.
Novas informações sobre a operação também surgiram a partir de postagens no Twitter de Polat Can, um responsável das Forças Democráticas Sírias. “Desde o dia 15 de maio que trabalhamos juntamente com a CIA para localizar Al-Baghdadi e monitorizá-lo de perto”, explicou o homem. “A nossa própria fonte, que conseguiu chegar a Al-Baghdadi, trouxe roupa íntimda de Al-Baghdadi para realizar um teste de DNA e garantir (100%) que a pessoa em questão era o próprio Al-Baghdadi".
Uma das dúvidas até agora não explicadas: como os curdos continuaram colaborando com os americanos mesmo depois de terem sido traídos por Trump? No início do mês, os Estados Unidos retiraram suas tropas da Síria, deixando os curdos vulneráveis ao avanço da Turquia sobre o território. Na série de tuítes, Polat Can diz que os avanços turcos “causaram um atraso nas operações especiais”.
“Toda a informação secreta e acesso a Al-Baghdadi, bem como a identificação do local, foram resultado do nosso próprio trabalho. A nossa fonte secreta estava envolvida no envio de coordenadas, direcionando o lançamento aéreo, participando e tornando a operação num sucesso até ao último minuto”, afirmou Polat.
Trump chegou a agradecer aos curdos sírios pelo apoio, mas não explicou que tipo de ajuda foi essa.
Nesta quinta-feira, soldados americanos voltaram a patrulhar uma zona do nordeste da Síria, próxima da fronteira com a Turquia, da qual haviam se retirado há três semanas. Cinco blindados com bandeiras americanas estavam na localidade de Al-Qahtaniyah, apesar da vontade expressada por Washington de sair da região, controlada neste momento pelo regime sírio e sua aliada Rússia. A patrulha americana estava acompanhada por combatentes curdos das Forças Democráticas Sírias (FDS), as mesmas que ajudaram os americanos na morte de Al-Baghdadi.