Agora é oficial: o Brasil não enviará tropas para as missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em países africanos.
Questionado pela coluna, o Ministério da Defesa informou que "o governo brasileiro declinou da consulta realizada pelo secretariado das Nações Unidas para o envio de tropas para Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-africana (Minusca) e para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (Monusco).
Desde que o país encerou a missão no Haiti, após 13 anos, especulava-se sobre o envio de um contingente de pelo menos 700 militares para uma dessas missões. O governo federal chegou a acenar com a possibilidade de aprovar a operação, um desejo das forças armadas. Nas últimas semanas, o presidente Michel Temer concluiu que não há condições orçamentárias e que a intervenção federal no Rio de Janeiro é prioridade. Acredita-se que o orçamento para o primeiro ano da missão seria de R$ 280 milhões.
Em dezembro, liderado pelo general gaúcho Carlos Alberto dos Santos Cruz, um grupo de especialistas fez um alerta ao secretário-geral da ONU, António Guterres: as forças de paz da organização estão muitas vezes mal preparadas e precariamente equipadas. O número de soldados mortos voltara a subir: 195 morreram nos últimos cinco anos, 56 delas apenas em 2017, o pior balanço desde 1994. Um dos locais mais violentos justamente era a República Democrática do Congo, para onde o Brasil cogitava enviar tropas.
Em email à coluna, o Ministério da Defesa esclareceu que o "o Brasil permanece com o seu compromisso internacional de colaborar com a paz mundial, mantendo aberto o diálogo com a ONU e permanecendo em condições de contribuir, no futuro, para outras missões de manutenção de paz".