Parques na escuridão, semáforos desligados, cortes na internet, interrupção de energia. A população de Porto Alegre enfrenta uma série de transtornos com o furto de fios elétricos, uma chaga que, embora não seja nova, parece ter ganhado dimensões ainda maiores em 2022.
Em entrevista ao Gaúcha Mais na semana passada, o prefeito Sebastião Melo disse que vai enfrentar o problema "com firmeza". A ideia é fazer operações em ferros-velhos: se o estabelecimento não apresentar notas fiscais comprovando a procedência das fiações, segundo Melo, será fechado. Mas talvez não seja tão simples.
Os receptadores, muitas vezes, compram os cabos furtados por usuários de drogas ou moradores de rua e, rapidamente, repassam tudo para outros Estados. Fora do Rio Grande do Sul, empresários usam notas frias para devolver o material para o mercado lícito – e, a partir daí, o cobre acaba comprado, não raramente, por companhias de tecnologia que, lá na ponta da cadeia, tiveram esse material surrupiado das próprias infraestruturas.
É um esquema complexo, um novelo de delinquência que, para ser desenredado, precisa de estratégia e investigação que vão além das boas intenções do prefeito. A Polícia Civil mantém há cinco anos a chamada Operação Metal, que, embora já tenha levado alguns criminosos à prisão, não conseguiu até agora reduzir a incidência dos furtos – a dificuldade de rastrear o material está entre os maiores empecilhos.
Enquanto isso, espaços tradicionais de Porto Alegre, como Parcão e o Marinha do Brasil, tornam-se intransitáveis à noite devido aos ataques contra a iluminação. Além da fiação, os ladrões passaram a levar também peças externas: apenas nas duas primeiras semanas de abril, a Capital registrou uma média de quatro furtos de luminárias por dia.
Melo prometeu para logo as primeiras novidades para combater esse tipo de crime. O desafio é maior do que parece.