Depois de uma série de reviravoltas, com a prefeitura inclusive desistindo da ideia em março, o projeto de erguer uma roda-gigante nas proximidades do Guaíba voltou à baila nos últimos dias. E deve mesmo sair do papel.
O consórcio privado que assume na segunda-feira (2) a administração do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, o Harmonia, está decidido a instalar no local o mirante giratório – a prefeitura já autorizou os estudos para a construção. Com cerca de 80 metros de altura, além de cabines climatizadas para até seis pessoas, a roda-gigante ficaria em uma ponta do Harmonia bem próxima à Orla. Seria um dos ícones de uma nova Porto Alegre.
– A cidade está se virando de frente para o Guaíba. A Orla, o Cais Mauá, o Parque da Harmonia, vem aí uma série de atrativos que poucas cidades no mundo têm. Imagine a experiência de enxergar tudo isso de cima, curtindo o nosso pôr do sol em uma roda-gigante de primeiro mundo – diz o diretor de negócios do consórcio GAM 3 Parks, Vinícius Garcia.
Mas por que uma roda-gigante? Por que desde 2019 Porto Alegre discute justamente esse aparelho? A resposta, não há dúvida, passa por uma transformação na própria autoestima da Capital. Um equipamento desses só funciona em uma cidade que deseja se mostrar. Que confia no próprio taco. Que tem uma vista realmente memorável a oferecer.
– A configuração da cidade vai mudar nos próximos anos. Se antes Porto Alegre se voltava muito mais para o turismo de eventos e negócios, agora, com esse bum de revitalizações no entorno da Orla, surge uma necessidade de investimentos em lazer e entretenimento – diz o professor Maurício Schaidhauer, da Escola de Negócios da PUCRS.
Com custo de construção estimado entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões, a roda-gigante que o GAM 3 Parks pretende trazer para o Harmonia seria uma das maiores do continente. Vinícius Garcia, diretor do consórcio, diz que ela deve se assemelhar à London Eye, um dos pontos turísticos mais disputados de Londres. Outra referência é a roda-gigante de Balneário Camboriú (SC), inaugurada em 2020 como a mais alta da América Latina.
O vice-presidente da seccional gaúcha da Associação Brasileira das Agências de Viagens, João Machado, recorre a um exemplo pessoal para ilustrar a situação:
– Na semana que vem, por coincidência, vou levar meus filhos ao Beto Carrero World e me hospedar em Camboriú. Minha maior ansiedade é andar na roda-gigante. Aquela orla deles, que chamam de Dubai das Américas, com prédios imensos, eu vou conhecer de outro ângulo. É isso o que o turista vai pensar quando vier a Porto Alegre.