Acabou: não basta mais ser só "profissional de saúde" para receber vacina antes de todo mundo. Claro, os trabalhadores de hospitais e pronto-atendimentos continuam sendo prioridade. Mas os outros – em grande parte profissionais liberais – terão de assinar uma declaração, antes de receber o imunizante, informando seu local de trabalho e garantindo que exercem "atividade assistencial direta e presencial".
Ou seja: só quem atende pacientes presencialmente – em clínicas, academias, consultórios ou a domicílio – terá direito à prioridade na vacinação em Porto Alegre. Profissionais em home office, que atendem por chamada de vídeo, ou que trabalham exclusivamente com pesquisas acadêmicas, por exemplo, precisarão se submeter ao critério de idade (como toda a população) para ser vacinados.
– O profissional vai imprimir a declaração, que estará disponível no site da prefeitura, e levá-la no dia da vacinação. Caso a gente receba uma denúncia, ou cheguem indícios de que o profissional faltou com a verdade, ele poderá responder por falsidade ideológica – diz o diretor da Vigilância em Saúde do município, Fernando Ritter.
A imunização desses profissionais foi suspensa pelo prefeito Sebastião Melo no início de fevereiro, depois que pessoas em home office e até aposentados foram vacinados em um primeiro mutirão. Segundo Fernando Ritter, a vacinação desse grupo deve ser retomada assim que a próxima leva de vacinas chegar à Capital.
– Também vamos incluir os agentes funerários como categoria prioritária na vacinação, mas o Ministério da Saúde orienta que, primeiro, sejam imunizados os profissionais de saúde – afirma Ritter.
A opinião do colunista
Agora, uma pergunta minha. Faz sentido, por exemplo, que um veterinário que atende cães e gatos, mas consegue manter distanciamento dos tutores, seja vacinado antes do funcionário de uma funerária que prepara o corpo de pessoas que morreram infectadas? Qual deles está mais exposto ao vírus? Não há dúvida de que é o agente funerário.
Só que o governo federal determina que todos os profissionais de saúde – que vão de nutricionistas a psicoterapeutas, passando por veterinários e biólogos – sejam vacinados antes de todo mundo. Será que todos eles estão, necessariamente, mais suscetíveis à contaminação do que, por exemplo, cobradores de ônibus ou atendentes de supermercado, que se relacionam pessoalmente com centenas de pessoas todo dia?
Um dentista, sim, certamente fica bem vulnerável com aquela broca na boca do paciente lançando saliva para todo lado. Precisa ser imunizado logo. Mas por que os critérios nunca podem ser específicos? Com a vacina chegando a conta-gotas, se tem algo que deveria estar bem detalhado é isso – quem vai tomá-la primeiro.
Pelo menos, não vamos mais vacinar quem nem sequer atende presencialmente. Era só o que faltava.